Foi absolvido, na tarde desta terça-feira (6), o médico acusado de praticar três abortos em Campo Belo, na região Centro-Oeste do Estado. A informação é do Fórum Rafael Magalhães, no município, onde foi realizado o júri popular do caso. Segundo o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), se tivesse sido condenado ele poderia pegar uma pena de até 12 anos de prisão.
Conforme as informações do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), o médico foi inocentado das três acusações. A sentença foi proferida pelo juiz Alexandre de Almeida Rocha às 16h45, após o júri reconhecer a materialidade dos três delitos, mas, ao mesmo tempo, não reconhecer a autoria atribuída ao médico.
William Salume Maia respondia ao processo em liberdade e continuava exercendo suas atividades, direito concedido pela Justiça. O júri teve início às 9h e foram ouvidos o réu, testemunhas de defesa e também de acusação, segundo a assessoria do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG).
Entenda o caso
Os abortos aconteceram todos na clínica do médico entre os anos de 2005 e 2006 e um processo de curetagem (procedimento feito após o aborto) era realizado em um hospital da cidade, em que o médico atendia. "As denúncias chegaram ao MPMG depois que duas secretarias do profissional estranharam os procedimentos feitos pelo réu", contou o promotor Carlos Eduardo Avanzi de Almeida.
Ainda segundo o promotor, as testemunhas contaram que as gestantes procuravam a clínica e realizam duas ou três consultas e depois sumiam. Os procedimentos de curetagem também ficavam anexados as fichas das pacientes. Durante as investigações três mulheres foram identificadas, duas delas confessaram o crime.
"Elas disseram que chegaram a pagar em torno de R$ 800 e mil reais para realizar o procedimento", contou. As três grávidas também foram denunciadas pelo MPMG no entanto elas tiveram a prescrição do crime reconhecida pela Justiça e não serão julgadas.
O profissional negou o crime. Ele chegou a ficar sem exercer a profissão no ano de 2011, mas, no mesmo ano, conseguiu na Justiça o direito de voltar a profissão. Segundo o promotor a Justiça considerou que os fatos ocorreram em 2005 e 2006 e não havia provas de que ele continuava a fazer os abortos.
Almeida ressalta que esse júri de médico com acusações de abortos é raro. "As gestantes e os familiares delas tem medo de denunciar e por isso se torna difícil comprovar esse tipo de crime", explicou.