Mais de 300 mil pessoas estão na fila à espera de uma cirurgia eletiva em Minas Gerais, revelou o secretário de Estado de Saúde, Fábio Baccheretti, durante um evento em Mantena, no Vale do Rio Doce, nesta sexta-feira (24). Segundo ele, será preciso acelerar o processo de realização de cirurgias para recuperar o tempo de paralisação dos procedimentos, ocorrida durante o pico de Covid-19.
O secretário disse ter pleiteado junto ao Ministério da Saúde, há cerca de um mês, a manutenção de mais de 860 leitos de CTI pós-covid para que o legado estrutural permaneça em Minas Gerais. “Na próxima quarta-feira volto a Brasília para cobrar um posicionamento do Ministério da Saúde para que a gente possa deixar uma estrutura muito mais robusta, especialmente de terapia intensiva e lançaremos no mês que vem um grande programa de incentivo de cirurgias. São mais de 300 mil cirurgias que o estado tem hoje na fila e queremos fazer dois anos em um para recuperar esse tempo perdido durante a pandemia”, afirmou.
Baccheretti estava acompanhando o governador Romeu Zema em uma cerimônia de anuncio da liberação de R$ 729,3 mil para a finalização da construção da Unidade Básica de Saúde (UBS) de Mantena, que estava paralisada há sete anos. Na oportunidade, o governador anunciou que pretende lançar no mês que vem um grande programa de incentivo às cirurgias que deixaram de ser feitas durante a pandemia por não serem urgentes.
“Agora, temos um grande desafio, que é colocar o sistema de saúde em dia, haja visto que as cirurgias eletivas ficaram represadas desde o início da pandemia. São milhares de pessoas aguardando por uma cirurgia”, afirmou Zema.
Entre janeiro e maio deste ano, foram realizadas 153.730 cirurgias eletivas pela rede pública em Minas, segundo a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG). No ano passado foram 167.122 procedimentos dessa natureza, enquanto em 2019 foram 335.202.
Por meio de nota, a secretaria informou que, no momento, está elaborando um estudo para avaliar a contratação de novos prestadores de serviços de saúde e um novo plano de gestão hospitalar para a realização de cirurgias eletivas dentro do rol de procedimentos definidos.
A pasta disse também que tem buscado fortalecer a rede hospitalar do Estado e instituiu o programa Valora Minas que, sob o prisma da Rede de Atenção à Saúde, tem o objetivo de qualificar a assistência e ampliar o acesso "mediante a otimização da alocação de recursos nas unidades territoriais de saúde e vinculação dos repasses à resultados assistenciais e valor entregue à população".
A secretaria esclareceu ainda que o número de 300 mil pessoas, anunciado por Baccheretti, é uma estimativa com base na produção hospitalar e ambulatorial, uma vez que a responsabilidade pela gestão das filas de acesso, priorização e agendamentos de procedimentos, exames e cirurgias eletivas é das Secretarias Municipais de Saúde e os pedidos solicitados nos municípios não são encaminhados à SES-MG para regulação.
Em Belo Horizonte
A Prefeitura de Belo Horizonte informou que, atualmente, cerca de 33 mil pessoas – residentes de Belo Horizonte e dos mais de 500 municípios pactuados – estão cadastradas na Central de Internação da Secretaria Municipal de Saúde para realizar cirurgia eletiva em 18 especialidades.
As especialidades com maior demanda no momento são otorrinolaringologia, ginecologia e cirurgia geral. O tempo médio de espera varia de acordo com a gravidade e condições cirúrgicas do paciente, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde.
Neste ano, mesmo com a paralisação das eletivas entre março e julho, por causa do aumento acentuado de casos de Covid, cerca de 10 mil cirurgias dessa natureza foram realizadas na capital. O número não é consolidado, já que os hospitais têm um prazo de 90 dias para enviar os dados.
A realização das cirurgias depende da disponibilidade de vagas e medicamentos na rede, segundo a administração municipal. "A Secretaria tem orientado a retomada gradual das cirurgias eletivas em todos os estabelecimentos de saúde contratados ao SUS/BH, condicionada à aplicação dos critérios dispostos na Resolução SES/MG Nº 7617 de 23 de julho de 2021, e ao monitoramento detalhado dos estoques dos fármacos utilizados nos procedimentos de ventilação mecânica e manutenção da sedação dos pacientes, bem como da ocupação dos leitos de forma que possam ser rapidamente revertidos para atendimento à Covid- 19, caso necessário", afirmou a Secretaria Municipal de Saúde.