Diversidade

Mais que homem e mulher: transgêneros e não binários não entraram na pesquisa

Pessoas LGBTQIA+ cobram a inclusão no Censo do IBGE

Por Jonatas Pacheco
Publicado em 08 de março de 2024 | 05:00
 
 
 
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Apesar de ser uma pesquisa ampla, o Censo do IBGE 2022 só dá a possibilidade de os entrevistados se declararem homem ou mulher, excluindo os transgêneros e não binários. Além disso, também não existe uma pesquisa relacionada à orientação sexual, uma situação que, para especialistas, representa um atraso no desenvolvimento de políticas públicas para esse público.

Segundo Humberto Marcus Leão Sette, coordenador técnico do centro demográfico do IBGE em Minas Gerais, o instituto reconhece que é necessária uma atualização no método de pesquisa.

“Há uma pressão, que é legítima, para incluir as questões de orientação sexual e identidade de gênero nas pesquisas. Começamos a trabalhar nesse sentido, não é simples. Chegamos à conclusão de que não conseguiríamos incluir essa questão no Censo de 2022. Porém, iremos trabalhar com uma pesquisa amostral a partir de 2024. Vamos começar a fazer essa pesquisa em campo, perguntando em todos os domicílios, para ter uma amostra robusta”, afirmou Humberto.

Presidente do Centro de Luta pela Livre Orientação Sexual de Minas Gerais (Cellos-MG), entidade da sociedade civil que luta pelos direitos e promoção da cidadania da comunidade, Maicon Chaves, de 36 anos, alerta sobre a necessidade de incluir identidade de gênero e orientação sexual em pesquisas.

“É a partir delas que fazemos uma leitura cruzada para entender como as políticas públicas nos atingem ou não e exigir que sejam potencializadas, construídas ou revitalizadas. Sem dados, não há políticas públicas, e, portanto, não constaremos no Orçamento público”, afirma Maicon.

Ele também ressalta que tal atitude seria extremamente importante para reduzir a violência contra a população LGBTQIA+. “A única forma de diminuir é construindo cidadania. Uma sociedade que se entenda plural e diversa desde a origem, mas também nos processos institucionais. Os campos que se referem a nós precisam existir em pesquisas, formulários, questionários. É uma luta contra a invisibilidade e o apagamento”, concluiu.

Violência. Um levantamento resultado da parceria entre a Acontece Arte e Política LGBTQIA+, a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) e a Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos (ABGLT), divulgado pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), revelou que 273 pessoas LGBTQIA+ morreram de forma violenta em 2022, mantendo o Brasil como o país que mais mata LGBTQIA+ no mundo. 

Número negativo. Minas Gerais foi o quarto Estado do Brasil com o maior número de mortes de LGBTQIA+ em 2022, com 18 casos, ficando atrás apenas de Pernambuco (19), São Paulo (28) e Ceará (34).

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