Manifestação

Manifestantes protestam em Belo Horizonte contra a morte da juventude negra

Centenas de pessoas lembraram a morte da pequena Ágatha Félix, de 8 anos, atingida por um tiro; e também pediram a legalização do aborto

Por Carolina Caetano
Publicado em 27 de setembro de 2019 | 20:15
 
 
 
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Dois protestos distintos marcaram a noite desta sexta-feira (27) no centro de Belo Horizonte. Na praça da Estação, movimentos negros fizeram um ato contra a morte da juventude negra. Já na praça Sete, a manifestação foi pela legalização do aborto. 

Com balões amarelos e pretos, velas, uma coroa de flores e doces - pelo dia de São Cosme e Damião - centenas de pessoas lembraram a morte da pequena Ágatha Félix, de 8 anos, atingida por um tiro, há uma semana, no Rio de Janeiro. 

"A ação de hoje é um ato cortejo contra o genocídio da juventude negra e barbaramente a gente já constata hoje que o genocídio chegou na infância. Meninas como a Ágatha e outras que têm sido vítimas. Isso já dura mais de 500 anos neste país", explicou a atriz e ativista do movimento negro, Carlandreia Ribeiro, de 54 anos. 

Após a concentração na praça da Estação, o grupo deslocou, em silêncio, pela avenida Amazonas até a praça Sete, onde ocorreu a dispersão. 

"Temos uma política de segurança pública equivocada, que aponta suas armas para a população pobre e negra. Isso é o resultado do racismo estrutural que a gente vive no Brasil. Nesse momento estamos em um governo fascista, que tem deixado claro nas suas entrevistas que o que ele chama de minorias terão que se adequar a maioria. É muito complicado", afirmou. 

Legalização do aborto

Na praça Sete, dezenas de pessoas se reuniram pela legalização do aborto. "Nós construímos essa ação pelo dia 28 de setembro, que é o dia latino americano e caribenho pela legalização do aborto defendendo o direito das mulheres pela autonomia dos seus corpos e pela vida das mulheres", afirmou a doula Renata Regina de Abreu Rodrigues, de 32 anos, que participou do ato. 

Segundo ela, a falta de conhecimento faz com que mais pessoas sejam contra a legalização do aborto. 

"Algumas pesquisas indicam que o perfil da mulher que aborta no Brasil é de mulheres em relacionamentos estáveis, religiosas e, em sua maioria, não tem coragem pelo contexto de legalidade e por questões morais e religiosas de assumir que praticaram um aborto. A gente precisa promover a conscientização da sociedade para que as pessoas entendam que defender a legalização não é defender o aborto porque ninguém vai ser obrigado a fazer essa prática. É você dar a possibilidade da mulher que por alguma razão precisar recorrer a isso ter a condição de fazer isso em segurança, com uma equipe. Todos os países que legalizaram o aborto, eles tiveram redução no número da prática do mesmo", finalizou.

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