“Eu estava muito esperançoso”. A fala é do maquinista Thiago Rodrigues Machado, de 34 anos, e se refere ao fato de acreditar que o também maquinista e amigo Anderson Luiz da Silva, de 43 anos, estaria dentro da locomotiva vivo e protegido da lama que assolou Brumadinho com o rompimento da barragem I da mina do Córrego do Feijão na última sexta (25).
Mas a lista de vítimas fatais identificadas divulgada pela Polícia Civil na noite desta quinta-feira (31) deixou Machado abalado: o nome de Anderson Luiz da Silva constava como uma das 71 vítimas fatais.
Ao contrário do que o amigo esperava, Anderson não estava dentro da locomotiva no momento do rompimento da barragem. O corpo dele foi encontrado fora do trem. Ao ser questionado sobre o quais medidas deveriam ser tomadas em função da tragédia, o amigo do maquinista morto não encontrou palavras. “Não consigo nem pensar nisso, ainda mais agora… Eu estava muito esperançoso de que ele tivesse dentro da cabine. Mas, agora, não consigo pensar em nada”, comenta.
Nas palavras dele, Anderson era uma pessoa “muito querida, prestativa e amiga de todo mundo”. Ele gosta muito de viajar, era muito alto astral! É uma perda muito grande para os amigos e a família. Ele vai deixar muitas saudades, e nós nunca vamos esquecê-lo”, diz.
Maquinista há 20 anos
De acordo com Thiago, Anderson, nascido em Conselheiro Lafaiete, era funcionário da MRS Logística, que prestava serviços para a Vale. Ele ingressou na companhia em 1997 e, desde então, trabalhava na companhia.
“Ele gostava muito do que fazia. No momento do rompimento da barragem, ele deveria estar carregando o trem com minério de ferro. Nós passávamos sempre pela ferrovia”, relembra.
Segundo o amigo, Anderson não era casado nem deixa filhos.