Estupro coletivo

Menores admitem relação sexual, mas alegam ter sido consensual

Delegada afirma que depoimento de quatro suspeitos contradiz dois vídeos sobre o abuso; número de suspeitos sobe para dez; polícia foi ontem à casa onde crime teria ocorrido

Por Bernardo Miranda
Publicado em 30 de junho de 2016 | 03:00
 
 
 
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Quatro menores suspeitos do estupro coletivo de uma adolescente de 13 anos, em Juiz de Fora, na Zona da Mata, prestaram depoimento ontem sobre o caso. Eles se apresentaram espontaneamente na delegacia e confirmam que tiveram relação sexual com a menina no último fim de semana, mas disseram ter sido “apenas oral” e consentido. De posse de um segundo vídeo sobre o crime, a delegada Ângela Fellet informou que as imagens e as novas apurações desmentem a versão dos rapazes. Além disso, as provas indicam a participação de dez pessoas no abuso, duas a mais que o imaginado anteriormente – desses, seis foram identificados, sendo quatro menores e dois maiores de idade.

“Eles negam com veemência que tenha havido penetração e que a menina estava ali à força. Porém, os vídeos apontam muito claramente que, ao contrário do que dizem, houve, sim, a conjunção carnal”, explica a delegada. Durante os depoimentos, os adolescentes também teriam tentado retirar os adultos da cena do crime, informação que, ainda conforme a policial, teria se mostrado inverídica nas investigações.
Os quatro foram ouvidos e liberados, mas a delegada estuda pedir a apreensão deles e a prisão dos adultos.

Abuso. Segundo a vítima, ela, o namorado e um casal de amigos deixaram uma festa junina na noite de sábado em direção a uma casa abandonada, conhecida por abrigar encontros de casais e usuários de drogas. No local, teriam sido abordados pelos suspeitos, que seriam traficantes. Os três foram liberados, mas a garota foi forçada a manter relação sexual com os suspeitos. Enquanto era mantida em cárcere privado, a menina teria sido levada a três lugares – no fim da tarde de segunda-feira, os policiais foram até os endereços, todos no bairro Olavo Costa.

O abuso, que teria durado 12 horas, foi filmado e postado no Facebook. Dois vídeos já foram encontrados. Um celular também foi apreendido na casa de um dos suspeitos, que seria maior de idade. A perícia vai analisar o aparelho, que teve todas as imagens apagadas.

No vídeo recuperado ontem, a garota aparece tentando se limpar após o abuso, enquanto homens nus estão a sua volta. Um deles tenta tirar a roupa da garota, que pede para ele parar. Segundo a Polícia Civil, as imagens não deixam dúvida de que houve o estupro. 

Isolamento

Proteção. Por medida de segurança, a adolescente, a mãe e a irmã dela deixaram a casa onde viviam e estão sob proteção da Justiça, em um endereço não divulgado. 

Legislação

Estupro de vulnerável. Mesmo com a relação sexual consensual, o caso seria considerado estupro por se tratar de uma adolescente com menos de 14 anos. Casos assim são estupro de vulnerável, com pena que vai de oito a 15 anos de prisão.

Alta. No mês de maio, o número de denúncias de estupros em Minas cresceu 14%, passando de 103 casos em abril para 118. O estupro coletivo de uma menina de 16 anos no Rio de Janeiro, em 21 de maio, chamou a atenção para o crime no país.

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