Nos últimos anos

Minas registra mais de 200 acidentes com bicicletas por mês

Nesta terça-feira, 15 ciclistas foram atropelados na BR-040, em Paraopeba

Por Lucas Gomes
Publicado em 30 de abril de 2024 | 17:00
 
 
 
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A cada mês são registrados, em média, mais de 200 acidentes envolvendo bicicletas em Minas Gerais, conforme dados disponibilizados pela Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp). Nesta terça-feira (30 de abril), 15 ciclistas foram atropelados por uma van na BR-040, em Paraopeba, na região Central de Minas Gerais. Para especialistas, os números refletem a falta de estrutura em rodovias, a dificuldade em relação à topografia montanhosa do Estado e a não observância de regras de trânsito por motoristas e ciclistas em vias cada vez mais cheias e com automóveis mais rápidos. 

No ano passado, foram 3.395 boletins de ocorrência registrados sobre acidentes de trânsito envolvendo bicicletas. Nos dois primeiros meses de 2024, conforme a Sejusp, foram 442, número ligeiramente inferior aos 484 do mesmo período de 2023.  Durante 2021 foram 3.685 ocorrências e, em 2022, 3.634.

Em 2023, o Corpo de Bombeiros atendeu, em todo o Estado, 1.165 ciclistas que foram vítimas de acidentes diversos. Na região metropolitana de Belo Horizonte foram 115 casos atendidos pela corporação. Até a última semana, em 2024 foram 361 atendimentos no Estado e 37 na capital mineira.

O Hospital João XXIII, em Belo Horizonte, atendeu até essa segunda-feira (29 de abril) 139 ciclistas vítimas de acidentes no Estado. A média de atendimentos, nos últimos anos, é de um ciclista atendido por dia no principal hospital de emergências da capital mineira. Os dados disponibilizados pela Fundação Hospital do Estado de Minas Gerais (Fhemig) não diferenciam as vítimas de acidentes em Belo Horizonte ou em outras cidades. 

Em 2019, foram 409 atendimentos a ciclistas vítimas de acidente. Em 2020, o índice foi de 358, o mesmo registrado em 2022. Já em 2021 foram 398 e, no ano passado, o maior registro de atendimentos dos últimos anos, com 408 registros. 

O especialista em transporte, Silvestre Andrade, considera que os números são preocupantes, ainda mais por se tratar de atendimentos a vítimas graves. “O número é grande quando pensamos que todo dia um ciclista é atendido no João XXIII em um local onde o uso de bicicleta não é tão intenso assim, até pela topografia. É um número preocupantemente alto. O que os ciclistas devem fazer é, primeiro, optar pela prevenção. Procurar locais mais seguros, como ciclovia ou ciclofaixa, circular por ela, utilizar a infraestrutura para bicicleta, evitar locais de trânsito mais intenso e, se não tem via própria para circular, tentar usar vias locais, ruas com baixo movimento de veículos”, sugeriu.

Andrade pontuou que o ciclista é ainda mais frágil que o motociclista, por exemplo, que consegue usar a potência do veículo para escapar de uma ou outra situação de perigo. 

Para o especialista em trânsito, transporte e assuntos urbanos, José Aparecido Ribeiro, o comportamento do brasileiro no trânsito é um fator que impacta nos números. “Infelizmente não temos a cultura de uma relação pacífica entre motorista e ciclista nem em cidades, ainda mais em rodovias com altas velocidades, como a BR-040 naquela região”, disse. Para o especialista, as condições do trânsito também impactam. "As rodovias estão entupidas de carro, são veículos querendo ganhar tempo com motoristas estressados porque não há fluidez. Isso estressa o motorista e acaba expondo pedestres, quem circula de bicicleta e até mesmo quem está em outro carro", exemplificou.

 

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