Granja Werneck

Moradores se acorrentam ao Palácio da Liberdade e pedem negociação

Eles querem que o despejo seja suspenso e que seja aberta uma nova rodada de negociações

Por Aline Diniz
Publicado em 11 de agosto de 2014 | 11:50
 
 
 
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Moradores das ocupações Rosa Leão, Vitória e Esperança, na região da Granja Werneck, na região Norte de Belo Horizonte, se acorrentaram aos portões do Palácio da Liberdade na manhã desta segunda-feira (11). O ato é uma forma de protestar contra o despejo das famílias que vivem nas ocupações da região conhecida como "Mata do Isidoro", que está programada para acontecer nos próximos dias. A intenção do grupo é conseguir a suspensão do despejo em favor da abertura de uma nova rodada de negociações.

De acordo com Rafael Bittencourt, do movimento Brigadas Populares, há cerca de 20 pessoas acorrentadas às grades do Palácio da Liberdade. Outras 300, segundo Bittencourt, estão na praça da Liberdade para apoiar os manifestantes, que devem ficar no local por tempo indeterminado. Eles carregam faixas com a frase "Resiste Isidoro" e gritam palavras de ordem. De acordo com o major Marcellus Machado, comandante da 4ª CIa do 1º Batalhão de Polícia Militar, são 40 apoiadores. Segundo a BHTrans, eles ocupam três faixas da avenida Bias Fortes, na praça da Liberdade.

"Acreditamos na sensibilidade, na maturidade e na sensatez de nossos gestores públicos e por isso fazemos esse apelo pela vida, pelo diálogo e pelo entendimento em comum, contra a intransigência, a força e a ignorância de decisões precipitadas", diz a nota endereçada ao governador Alberto Pinto Coelho, ao presidente do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, Pedro Bitencourt, à presidente da República, Dilma Rousseff  e ao candidato à presidência Aécio Neves.

“Vou ficar aqui até ter uma resposta. Já tenho três filhos fora esse. Eu não vou morar debaixo do viaduto. Não sei há quanto tempo eu não durmo”, disse chorando a moradora Bruna Priscila Moreira Borges, de 24 anos, grávida 8 meses. 

“Estamos aqui para mostrar que somos seres humanos e não bichos. Lutamos por educação, saúde e moradia, estamos oprimidos na ocupação, vivemos um conflito. A situação é delicada”, disse o morador Ricardo Freitas, de 35 anos. Ele diz que ficará acorrentado até que uma solução humana seja proposta.

Reunião 

Integrantes das ocupações e autoridades se reuniram na manhã desta segunda-feira para discutir o destino dos moradores após o cumprimento da ordem de despejo.

A reunião, realizada no Comando da PM, não teve caráter oficial e, segundo o major Gilmar Luciano dos Santos, chefe da Sala de Imprensa da corporação, órgãos como Ministério Público, prefeitura, Conselho Tutelar e Defensoria Pública foram convidados a participar. O comparecimento, no entanto, não era obrigatório.

Representantes das ocupações participaram do encontro acompanhados de seu advogado, que levantou a possibilidade de negociação. Os moradores afirmaram que estão com medo de que a polícia cometa algum excesso. Diante dessa preocupação, o major Gilmar Luciano assegurou que a PM vai resguardar a integridade física das famílias e que nenhum direito humano será violado.
 

Atualizada às 12h32

 

 

 

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