AVANÇO NA INVESTIGAÇÃO

Morte de cruzeirense: PCMG usa o mesmo aparelho 3D da busca de presos de Mossoró

Equipamento 3D de alta resolução reconstrói cena de crime

Por Isabela Abalen
Publicado em 04 de março de 2024 | 16:27
 
 
 
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A cena de confronto entre torcedores da Máfia Azul e da Galoucura que terminou na morte do cruzeirense Lucas Elias Vieira Silva, de 28, no Barreiro, em Belo Horizonte, nesse sábado (2 de março), será refeita do zero para o trabalho da perícia da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG). Um equipamento Laser Scanner 3D, de alta precisão, será testado pela primeira vez pela instituição. O item é capaz de reproduzir o local do crime e identificar padrões de sangue, impressões digitais e a trajetória de uma bala de arma de fogo. 

O Laser Scanner 3D já foi usado, em outros Estados, para investigação da busca pelos presos de Mossoró e de brigas de torcidas no Rio de Janeiro, por exemplo. De acordo com o perito criminal André Godoy, com o dispositivo, o trabalho de perícia poderá revisitar a cena do crime sempre que necessário por meio da reprodução tecnológica. Isso vai possibilitar perceber detalhes que, às vezes, passam despercebidos aos olhos humanos. No caso do confronto entre as torcidas, como são vários envolvidos, a ferramenta vai permitir uma análise aprofundada da ação. 

“A utilização do Scanner 3D pela perícia criminal, nos diversos locais relacionados com crimes violentos, permitirá reconstrução, perpetuação e reprodução simulada de cenas de crimes, além de marcação dos vestígios e medições precisas, facilitando a visualização das dinâmicas e até mesmo auxiliando na busca pela autoria do fato”, explica Godoy.

O escâner funciona da seguinte forma: ele projeta um ou vários feixes de laser, e o processador, então, traduz esses dados e os converte em pontos com dimensões em 3D, formando a chamada “nuvem de pontos”, isto é, a reprodução da cena. 

Assim como no caso da morte do cruzeirense, em BH, o dispositivo poderá ser usado, além de locais de crimes contra a vida, em cenas de delitos patrimoniais, de trânsito, de engenharia legal e de meio ambiente. O perito André Godoy reforça que a tecnologia vai auxiliar também no julgamento da Justiça. “O escaneamento 3D possibilita a projeção em realidade aumentada da cena do crime, podendo ser utilizada como instrumento auxiliar nas audiências, de modo a permitir o ingresso virtual no local dos fatos”, explica. 

Na imagem projetada, os policiais civis podem acrescentar avatares, veículos e objetos que tenham algum envolvimento no crime. “A aquisição representa um ganho expressivo, tanto para a perícia do local de crime, quanto para a investigação e demais etapas de julgamento”, continua Godoy. 

Capacitação 

O Instituto de Criminalística da PCMG iniciou a fase de testes com os dispositivos Laser Scanner 3D na capital. No último mês, peritos da Seção Técnica de Perícias de Crimes Contra a Vida e da Seção Técnica de Engenharia Legal passaram por treinamento a fim de aprimorar o uso do equipamento.

De acordo com Godoy, os cursos serão realizados gradativamente. “Em um futuro próximo, o treinamento vai ser expandido para o interior, com aquisição de mais equipamentos ou mesmo empréstimo, em caso de necessidade”, adianta.

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