Normalmente espaço diversão para a criançada, uma loja de papelaria e brinquedos virou palco de um assassinato, ontem, no bairro Urca, na região da Pampulha, em Belo Horizonte. O crime aconteceu quando um homem, que estava sendo perseguido por uma dupla de criminosos, na rua Expedicionário Paulo de Souza, invadiu o estabelecimento em uma tentativa de se esconder dos tiros.
Logo ao entrar na loja, Cláudio Camargo da Silva, de 38 anos, se deparou com um dos vendedores do local, de 58 anos, e o usou de escudo contra a dupla que o perseguia. “Ele colocou o vendedor na frente dele logo que entrou. Em seguida, um dos atiradores entrou e começou a atirar. Por uma questão de centímetros os tiros não acertaram esse vendedor. Ele deu muita sorte”, disse uma testemunha do crime, que não quis se identificar.
Ao todo, de acordo com a Polícia Militar (PM), Silva recebeu primeiramente um tiro na cabeça. Após cair no chão, já desacordado, o rapaz ainda foi alvejado por mais quatro vezes na barriga. Ele morreu no local, antes mesmo da chegada do Serviço de Atendimento-Móvel de Urgência (Samu). Após o crime, o suspeito fugiu com o comparsa dentro de um Hyunday HB20 prata, estacionado do lado de fora da loja.
A vítima não era conhecida na região, e a motivação do crime ainda é desconhecida para a Polícia Civil. Nesta sexta-feira (6), uma equipe de investigadores da Delegacia Regional Noroeste esteve no bairro Urca e também na região de Venda Nova, local de onde Silva seria morador. Familiares do rapaz e testemunhas do crime devem ser chamadas para prestar depoimento no início da próxima semana.
Presente de Bruno
A polícia também divulgou a origem da motocicleta que estaria sendo usada pela vítima e foi encontrada estacionada nas imediações da loja. Segundo familiares informaram à polícia, a moto teria sido dada a ele pelo goleiro Bruno – eles estiveram presos juntos de 2011 a 2013, na penitenciária Nelson Hungria. Silva teria sido preso por tráfico de drogas. Nesta segunda-feira (9), a delegada Elenice Ferreira confirmou que a moto realmente estava em nome de Bruno Fernandes, mas disse que ainda investiga para saber por que o veículo estava com a vítima.
Até esta sexta-feira (6), nenhum dos suspeitos ainda havia sido identificado ou preso.
‘Foi uma obra divina’
Utilizado como escudo pela vítima de um assassinato dentro de uma loja de brinquedos do bairro Urca, na região da Pampulha, um vendedor do estabelecimento passou por momentos de aflição durante o tiroteio no local. Por pouco centímetros, ele também acabou não sendo atingido pelos disparos.
“Quando ele entrou na loja, ele entrou atrás de mim e me segurou. Eu acho que foi uma obra divina, porque acho que um desses tiros poderia ter acertado em mim se o criminoso já tivesse chegado atirando. Foi por segundos que eu consegui sair fora do ‘escudo’ e ele começar atirar naquele homem”, relatou o vendedor, de 58 anos, que pediu para não ser identificado.
Mesmo abalado com a situação, o vendedor não se deixou abater e, nesta sexta mesmo, já estava firme e forte atendendo seus clientes da loja. “Não tem por quê parar. Há muito tempo já mexo com isso e nunca passei por situação semelhante. A gente leva susto, mas a vida continua. Espero que isso não se repita mais”, contou o vendedor.
Além deles, estavam na loja, no momento do assassinato, outros três vendedores e uma cliente. “Na hora do primeiro disparo, ela largou o que estava comprando e já saiu correndo. Graças a Deus ninguém mais ficou ferido aqui. Se a loja estivesse cheia, poderia ter sido pior”, disse o vendedor.
Atualizada às 15h20 do dia 9/3/2015