Outorga onerosa

Mudança em Plano Diretor de BH é descartada por secretário: 'Queremos recursos'

Secretário de Política Urbana rebate as críticas de que Projeto de Lei altera os instrumentos urbanísticos previstos no Plano Diretor da cidade

Por Vitor Fórneas
Publicado em 14 de março de 2023 | 18:42
 
 
 
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“A prefeitura não está abrindo mão de arrecadar recursos, pelo contrário, ela deseja gerá-los para que possa construir, por exemplo, unidades habitacionais”. O secretário de Política Urbana de Belo Horizonte, João Fleury, rebate as críticas de que o Projeto de Lei (PL) 508/2023 altera os instrumentos urbanísticos previstos no Plano Diretor da cidade.

De acordo com o chefe da pasta, a proposição encaminhada pelo Executivo à Câmara Municipal muda apenas o cálculo da outorga onerosa para construções dentro da área da avenida do Contorno. A outorga é uma contrapartida financeira imposta pelo poder público para construções acima do coeficiente básico permitido. Parte desse valor é destinada à construção de moradias populares.

O secretário alerta que não procede a informação de que o projeto vai mudar o Plano Diretor aprovado em 2019. “Não será mudada nenhuma linha. O que queremos é receber mais recursos, já que a área da avenida do Contorno é a mais cara. O projeto determina que as empresas comprem 30% de outorga onerosa, ou seja, pelo menos algum lucro, teremos”.

O chefe da pasta de Política Urbana comenta que a ideia do projeto é alinhar os preços da outorga aos praticados no mercado imobiliário. Assim, visa-se aumentar a arrecadação, pois, segundo ele, no período de transição do Plano Diretor, que terminou em fevereiro de 2023, foram gerados 285.500 m² de Unidades de Transferência do Direito de Construir (UTDC), com um valor de cerca de R$ 262 milhões, sem gerar receita ao município.

Com a proposição que tramita na Câmara e com os processos em andamento na cidade, a expectativa é de alcançar aproximadamente R$ 53 milhões anualmente. “As pessoas estão sem informação e achando que vamos beneficiar grandes construtoras. Eu quero que elas paguem [a outorga] para construirmos as unidades [habitacionais] para pessoas de baixa renda”.

A outorga onerosa, conforme explicado por Fleury, possibilita os investimentos na área habitacional. “A prefeitura tem orçamento de R$ 15,7 bilhões para este ano, mas grande parte do valor já foi definida, pois temos folha de pagamento, saúde, educação e outras áreas. O que sobra para investimento é um valor pequeno e essa é a realidade dos orçamentos públicos. Não tivemos recursos para construir unidades nos últimos anos. Se, durante o período de transição do Plano Diretor, já tivesse o cálculo que queremos adotar, teríamos R$ 150 milhões e daria para construir mil unidades”, ressaltou.

Audiência na Câmara

A capital mineira tem, conforme informado pelo secretário, 50 mil pessoas sem casa própria. Uma das propostas do Executivo municipal é construir até duas mil unidades no espaço onde, atualmente, funciona o aeroporto Carlos Prates, que será desativado a partir de 1º de abril

Para debater o assunto com a população, uma audiência pública sobre a proposição acontecerá no próximo dia 20 de março na Câmara Municipal. “Vou pessoalmente. Entendemos que o projeto será aprovado, pois, como alguém vai contra algo para arrecadar recurso? Nesta audiência iremos esclarecer algumas coisas que vêm sendo confundidas”, finalizou.

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