Entrevista

Mudança passa pela sociedade 

Manuel Palácios, 58 Secretário de Educação Básica

Por Bárbara Ferreira
Publicado em 02 de março de 2015 | 03:00
 
 
 
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Mestre e doutor em ciências sociais, o mineiro Manuel Palácios deixa a docência na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) após 23 anos para ser empossado, em breve, como secretário nacional de Educação Básica. Há expectativa de investimentos em curto prazo.

Como e quando o senhor começou a trabalhar com educação?

A minha história começou na engenharia. Me formei em engenharia de telecomunicações no fim da década de 70. Alguns anos depois, decidi fazer uma mudança brusca e dei preferência para o social. Fiz mestrado e doutorado em ciências sociais no Instituto Universitário de Pesquisa do Rio de Janeiro (Iuperj) e em 1991 fui para a área de educação. De lá para cá trabalhei sempre com ciências sociais e educação. Fiz muitas pesquisas na área da gestão pública da educação e em indicadores de qualidade da educação básica e gestão escolar. Além disso, fui o primeiro coordenador do Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação (Caed), na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), e já trabalhei três anos no Ministério da Educação (MEC).

Qual o principal desafio na educação básica?

É ser capaz de produzir entendimento entre Estados, municípios e educadores. Toda a atividade depende desse entendimento compartilhado entre municípios, Estados e União sobre os problemas da educação e de como lidar com eles. A secretaria precisa estar muito dedicada ao diálogo para melhorias nos programas, isso é o desafio principal. A mudança na educação pública sempre depende do esforço e busca desse entendimento entre toda a rede: profissionais de diferentes níveis e responsáveis pela educação básica. Não basta apenas o ministério.

Que ações estão sendo pensadas para 2015?

Temos uma expectativa de ampliação de investimentos em curto prazo em toda a educação básica (o orçamento de 2014 para a área foi de R$ 112 bilhões). Também é importante pensar na valorização do profissional não só por meio de remuneração mais adequada, mas também uma formação ajustada ao trabalho que ele exerce. Já existem programas em andamento e que devem ser ampliados nesse sentido. Já anunciamos programas de formação dos diretores escolares. Existe a ideia de que eles sejam incorporados a um programa de formação com bolsas e incentivos para aperfeiçoamento. É preciso investir neles, que são, muitas vezes, verdadeiros líderes da escola e da comunidade. A educação é sempre um trabalho em atividade. Temos que envolver cada vez mais pessoas nas nossas ideias e convencer a sociedade a se envolver também. Educação não é problema só do Estado.

Qual é o objetivo para as metas do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb)?

O compromisso entre município e União é que as metas do Ideb sejam alcançadas. Em alguns Estados, elas já foram alcançadas, mas o objetivo agora é que todas as metas sejam batidas. Esse passo a passo é de assegurar que elas se mantenham. As metas de 2015, que já foram fixadas, devem ser atingidas, levando a um patamar significativo de qualidade.

É preciso ter melhorias na alfabetização infantil?

A meta é que todas as crianças estejam plenamente alfabetizadas aos 8 anos. E esse é um trabalho que já acontece, e viemos apenas coroar isso. As novas gerações escolares têm concluído o ensino fundamental com resultados bem mais significativos do que faziam há dez anos. Hoje, temos um cenário muito melhor do que antigamente.

Ideb em Minas

Metas. Em Minas Gerais, todas as metas do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de escolas públicas, desde o ano de 2007 até 2013, foram alcançadas. O Ideb foi criado para medir a qualidade do aprendizado nacional a cada dois anos e estabelecer metas para a melhoria do ensino.

Avaliação. Em 2013, os alunos de Minas até o 5º ano atingiram 5,9 no Ideb, que é a meta estabelecida pelo MEC para 2015. Já para os estudantes até o 9º ano, a nota foi de 4,6, e o Estado também alcançou o indicador. Agora, a meta para 2015 é de 4,8. Elas são diferenciadas para cada escola e rede de ensino, mas com o objetivo de alcançar 6 pontos até 2022, média correspondente ao sistema educacional dos países desenvolvidos.

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