Julgamento

Mulher condenada a 14 anos de prisão por matar vizinha

Clima no tribunal esquentou tanto que até advogado e promotor brigaram

Por Franco Malheiro
Publicado em 16 de abril de 2019 | 03:00
 
 
 
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Acusada de assassinar com uma facada no pescoço a síndica do prédio em que morava, no Natal de 2017, Rayanne Maia Marques, 29, foi condenada a 14 anos, oito meses e nove dias de prisão, por homicídio duplamente qualificado por motivo fútil e sem chances de defesa. O julgamento foi realizado nesta segunda-feira (15), no Fórum Lafayette, em Belo Horizonte. O clima durante as quase dez horas de júri estava tão tenso que até advogado e promotor se desentenderam. A discussão só acabou quando o juiz Ricardo Savio de Oliveira os abraçou.

No interrogatório, Rayanne confessou ter cometido o crime e afirmou que está arrependida. Ela alegou que sofria discriminação no condomínio, já que as pessoas do prédio não queriam conviver com ela nem com o marido, que é negro.

Já a acusação rebateu, dizendo que eles eram usuários e traficantes de drogas e que, por esse motivo, não eram benquistos no condomínio. O promotor Francisco Santiago negou a conotação racista usada pela defesa. “A cor da pele do marido dela não tem nada a ver com o crime”, garantiu.

O advogado de defesa Dracon Luiz Cavalcanti Lima tentou reduzir a pena afirmando que a ré era perseguida pela síndica Ludmila Rivas, 37. Ele levou uma panela de pressão para o tribunal para fazer analogia com o que supostamente a acusada sentia: pressionada pela vítima. O promotor chamou o defensor de “mentiroso”, e o clima esquentou entre eles. Foi necessária intervenção do juiz para que o julgamento fosse retomado.

Ameaça a vizinhos fez pena ficar maior

Além dos 14 anos, oito meses e nove dias de prisão em regime fechado pelo homicídio da síndica do prédio onde morava, Rayanne Maia Marques ainda terá que pagar mais dois meses, em regime aberto. O motivo foram as ameaças feitas por ela aos demais vizinhos do condomínio quando eles a impediram de fugir após o crime.

O advogado de defesa Dracon Cavalcanti questionou a pena. “Ele fez o cálculo errado. Ele desconsiderou a confissão e o fato de ela ser ré primária. Entramos com recurso para rever essa pena” , disse.

Já o marido da vítima, Virgílio Farias, comemorou a condenação. “Estamos aliviados. Não vai trazer a Ludmila de volta, mas é uma resposta que posso dar aos meus filhos, de que a mãe deles não foi em vão”, afirmou. A vítima deixou um filho de 12 anos, que assistiu ao crime, e um bebê, que, na época, tinha apenas um mês e meio.

Para o promotor Francisco Santiago, o resultado foi justo. “Uma pessoa não pode matar ninguém porque recebe multa em condomínio ou porque está estressada. Os 14 anos foram justos”, disse.

O crime

Como foi. A síndica teria ligado para Rayanne para saber por que o filho dela, de 2 anos, estava chorando. A vizinha, então, pediu que Ludmila fosse até o apartamento dela e a esfaqueou no pescoço.

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