Investigação

Mulher de assassino é solta

Ela pediu perdão às famílias das vítimas e disse que também está sofrendo

Por ANDRÉA SILVA
Publicado em 01 de março de 2010 | 23:51
 
 
 
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A manicure Rose Paula Teixeira Câmara, 27, deixou ontem, às 22h30, a penitenciária feminina Estevão Pinto, na capital. Ela havia sido detida há seis dias junto com o marido, o pintor Marcos Antunes Trigueiro, 31, que confessou ter estuprado e depois assassinado por estrangulamento cinco mulheres no bairro Industrial</CW>, em Contagem, e na região do Barreiro.

A mulher deixou o local em companhia do pastor da igreja que ela e a família frequentam, Jordane Douglas Laurindo. Em breve entrevista na porta da penitenciária, Rose disse que estava muito abalada com o que aconteceu. "A mesma dor que as famílias das vítimas está sentido eu também estou", disse.

A manicure afirmou ainda que nunca imaginou que o marido pudesse ser o maníaco do bairro Industrial. "Peço perdão às famílias das vítimas", finalizou.

O primeiro encontro entre ela e o marido aconteceu ontem à tarde. O momento entre os dois - ocorrido em uma sala do Departamento de Investigação (DI) - durou cerca de dez minutos e foi marcado por muito choro, dela, e pedidos de perdão e declarações de amor, por parte dele.

Durante a prisão do pintor, a manicure foi flagrada em posse de um celular de uma das vítimas. De acordo com o delegado Frederico Abelha, responsável pelas investigações, depois de rever o marido, Rose prestou um novo depoimento, acompanhada do advogado do casal, Rodrigo Bizzoto Randazzo.

Rose declarou que o companheiro garantiu ter recebido os aparelhos em troca de serviços prestados. Sobre as outras acusações de homicídio envolvendo o marido, ela teria dito que sabia das suspeitas, mas acreditava na inocência dele.

Segundo o delegado Abelha, o depoimento da manicure foi bastante convincente e, por isso, a Polícia Civil concordou em conceder liberdade à mulher.

O alvará de soltura da manicure foi entregue ontem à tarde pelo advogado Bizzoto ao Juiz do 1º Tribunal do Júri Nelson Messias, do Fórum Lafayette, em Belo Horizonte. Os crimes praticados pelo maníaco ocorreram entre janeiro e novembro do ano passado.

Crimes geraram desconfiança
Embora a manicure Rose Paula Câmara tenha garantido desconhecer os crimes praticados pelo marido, Marcos Trigueiro, ela admitiu que passou a desconfiar dele no ano passado.
Segundo o delegado Frederico Abelha, responsável pelas investigações, na época do desaparecimento da estudante Natália, em outubro, o marido tinha uma entrevista de emprego, que ela mesmo havia conseguido, mas ele não compareceu.
Ainda de acordo com o delegado, a partir desse episódio, a manicure "começou a ligar os fatos". (AS)

Pena
- Crimes
Marcos Antunes Trigueiro responderá separadamente às acusações de assassinato das cinco mulheres

- Condenação
A pena para cada uma das mortes varia entre 12 e 30 anos de prisão. Se condenado em pena máxima em todos os crimes, ele poderá pegar, ao todo, 150 anos de prisão

- Tempo máximo
Mesmo sendo condenado em pena máxima, pela legislação brasileira Trigueiro só poderá ficar preso no máximo 30 anos

- Laudo
Caso fique confirmado algum transtorno mental,
o maníaco poderá ser submetido a um outro tipo de julgamento. Se condenado, ele terá que cumprir pena em um manicômio judiciário para tratamento e ficará recolhido até a cura

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