TRAGÉDIA NO PRADO

Mulher morta em enxurrada estava a dez metros de entrevista de emprego

Ao tentar atravessar a rua, Maria Ester Ribeiro foi levada pela correnteza e morreu afogada ao ficar presa embaixo de um veículo nesta sexta-feira (12)

Por AILTON DO VALE
Publicado em 12 de fevereiro de 2016 | 20:37
 
 
 
normal

Maria Ester Ribeiro, de 59 anos, estava a dez metros do local onde participaria de uma entrevista de emprego no fim da tarde desta sexta-feira (12), na rua Diorita, no bairro Prado, região Oeste de Belo Horizonte, quando foi atingida por uma enxurrada ao tentar atravessar a via.

De acordo com o Corpo de Bombeiros, a mulher não teve forças, caiu e acabou presa debaixo de um veículo. Os bombeiros tentaram socorrê-la, no entanto, ela sofreu uma parada cardiorrespiratória e faleceu.

"Os bombeiros já tinham sido acionados para atender ocorrências no Prado por causa do histórico de enchentes. Nós estávamos na avenida Francisco Sá e de repente recebemos o chamado da possibilidade de uma pessoa ter morrido. Quando chegamos ao ponto constatamos o óbito e a suspeita é que ela tenha tentado atravessar a rua mesmo com a correnteza, Ela foi arrastada e ficou presa debaixo do carro. Como ela não conseguiu sair ela morreu por afogamento", explicou o capitão dos bombeiros José Vital.

Um morador do bairro gravou um vídeo no momento da enxurrada na rua Diorita. Veja:



No local um genro da mulher, que preferiu não ser identificado, contou que ficou sabendo da morte da sogra ao ouvir o noticiário em uma rádio. “Tinha 20 minutos que ela tinha conversado por telefone com a minha esposa. Não dá nem para acreditar”, disse, bastante abalado.
 
O jornalista Maurício Lara, de 63 anos, funcionário do instituto de pesquisas onde Maria Ester faria a entrevista de emprego lamentou o trágico episódio. "Ela estava vindo com perspectiva de trabalho. Não sei exatamente como tudo aconteceu, mas foi uma tragédia. Ela nem chegou a ser entrevistada. Sempre que chove aqui a água sobe o nível, o asfalto vira um rio, porém, não chega a entrar nas casas", comentou. 

Pânico na Diorita

Moradores da rua Diorita estão assustados com as consequências da chuva no local. Além da morte, carros e motos foram arrastados causando pânico em quem passava pela via.

A trabalhadora autônoma Elizabeth Zuccherato, de 67 anos, ratificou que a rua costuma alagar durante temporais. Entretanto, essa é a primeira vez que o nível da água se elevou tanto a ponto de formar uma enxurrada. “Sempre que chove desce muita água, mas nunca tinha acontecido assim de maneira trágica formando uma correnteza”, lamentou.

Elizabeth acredita que a tragédia ocorreu porque a água que se acumula em uma rua próxima desce toda para a Diorita. “A água toda da rua Platina vem para cá e nossa rua não tem vazão. Por isso formou essa enxurrada”, avaliou.

O líder comunitário Helbert Imbuzeiro, de 42 anos, mora na Diorita desde que nasceu. Ele também se surpreendeu com a formação de uma correnteza na rua e cobra uma atitude rápida da prefeitura para que o problema não volte a ocorrer.

“A Diorita recebe toda a água do bairro. O nível sempre eleva bastante com as chuvas, mas jamais vi algo assim. A regional Oeste precisa fazer alguma alteração para escoar a água antes dela chegar em nossa rua para evitar novas mortes”.

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!