Ribeirão das Neves

Mulheres continuam na porta da Dutra Ladeira por notícia de familiares

Cerca de 20 parentes de presos, todas mulheres, continuam na porta da unidade; cinco mulheres estiveram no interior do presídio onde se reuniram com o diretor Rodrigo Machado para apresentar as reivindicações dos presos

Por Glaucio Castro
Publicado em 17 de janeiro de 2017 | 08:29
 
 
 
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Após uma noite e madrugada de muita apreensão na Penitenciária Dutra Ladeira, em Ribeirão das Neves, na região metropolitana de Belo Horizonte, o clima no local já é mais tranquilo nesta manhã de terça feira (17). Cerca de 20 parentes de presos, todas mulheres, continuam na porta da unidade depois de passarem a madrugada à espera de notícias, que ainda são poucas. Por causa do frio, elas acenderam uma fogueira e se enrolaram em cobertores.

A faxineira Luciene Rafaela Souza, 22, promete só voltar para casa depois que conseguir falar com alguém da direção para ter certeza de que o irmão, que cumpre pena por porte ilegal de arma está bem. "Só os policiais disseram que está tudo bem mas a gente nunca sabe, não dá para confiar. Ontem foi muito tenso e com todas essas mortes no país a gente fica muito preocupada", disse.

Segundo elas, o momento mais difícil aconteceu entre 0h e 1h, quando várias ambulâncias, carros do corpo de bombeiros e da polícia começaram a entrar na Dutra. "A gente ouvia do lado de fora muito barulho de tiros e bombas lá dentro e não sabia o que estava acontecendo, foi horrível. Você fica num pavor muito grande aqui sem qualquer informação e vendo toda essa movimentação", reclamou Kelly Costa, 29, que não quis dar informações sobre o parente preso.

Na tarde de segunda feira, ela e outras quatro mulheres estiveram no interior do presídio onde se reuniram com o diretor Rodrigo Machado para apresentar as reivindicações dos presos. "Depois que esse diretor chegou mudou tudo. Está cheio de preso machucado de tanto apanhar no dia a dia, eles destroem tudo que a gente leva nas visitas, como materiais de higiene, limpeza e alimentação. Também não tem mais distribuição de senhas e temos que dormir na fila para conseguir entrar. E na reunião ele não falou nada e ainda debochava da gente", resumiu.

A estudante Jennifer Tainara, de 21, que também não quis dar detalhe sobre o parente preso, endossou as palavras de Kelly. "Eles estão batendo sem dó. Tem preso até com dente quebrado, todo roxo. Esses polícias do Grupo de Intervenção Rápida (GIR) já chegam batendo e ameaçando. Queremos a saída deles daqui. Como eles têm a cara escondida, ninguém reconhece e eles maltratam mesmo". 

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