Pampulha

Novo alerta de febre maculosa: “meu filho quase morreu” 

Mãe de menor internado há dez dias diz que médicos deram diagnóstico; PBH nega contaminação

Por Aline Diniz / Luiza Muzzi
Publicado em 10 de janeiro de 2015 | 04:00
 
 
 
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Uma nova suspeita de febre maculosa fez ressurgir o temor de moradores da região da Pampulha, na capital, sobre o risco de transmissão da doença nos arredores da orla da lagoa. Embora a Prefeitura de Belo Horizonte tenha descartado a possibilidade, a mãe de um adolescente internado desde o dia 1º no Hospital Belo Horizonte alega que os médicos que atenderam o filho confirmaram o diagnóstico. Segundo ela, foi somente quando começou a tomar dois antibióticos específicos para a febre maculosa que o garoto começou a melhorar.

“Meu filho quase morreu”, desabafou a empresária Andréa Castanon, 35. Segundo ela, os primeiros sintomas de Jarod Marcelino, 15, apareceram após curto passeio que a família, que mora no bairro São Luiz, na Pampulha, fez à orla no último dia 29.

“Ele estava de chinelo e bermuda e dois dias depois começou a reclamar de muita dor de cabeça e manchas no corpo. No dia 3, fizeram o exame de febre maculosa, e o resultado saiu hoje (nesta sexta). Falaram (prefeitura) que deu negativo, mas eu estou certa, e a médica tem certeza absoluta também, de que ele pegou a doença, sim”, afirma a mãe.

Diretora de comunicação da Associação de Moradores da Pampulha, Adrienne Moore diz que o clima na região é de alerta. “O caso desse jovem causou pânico entre os moradores”, disse. Segundo ela, a associação, agora, decide que medidas tomar.

Para a mãe de Jarod, a prefeitura quer esconder o caso. “Foi meio estranho. Eu comecei a falar sobre isso, e a prefeitura começou a pedir para as pessoas evitarem a orla”, contou. Segundo ela, os médicos que atenderam Jarod prometeram fazer um laudo atestando o diagnóstico de febre maculosa. “Quero que tomem alguma providência para que isso não aconteça mais e para que as pessoas possam ir à Pampulha com tranquilidade”.

Resposta. A Secretaria Municipal de Saúde informou, em nota, que a vigilância epidemiológica investigou o caso de Jarod e descartou “como suspeito para febre maculosa, a partir de avaliação clínica e de exames encaminhados e realizados pela Fundação Ezequiel Dias (Funed), que apresentaram resultado negativo para a doença”.

A pasta garantiu que “não existe indicação de locais específicos para a presença de carrapatos vetores da doença”, mas não repassou instruções específicas para a região da Pampulha, como evitar deitar na grama. Ainda segundo a secretaria, ações de conscientização serão ampliadas, capinas serão intensificadas em determinados locais, e uma cartilha sobre a doença está disponível no site e será entregue à população.

Os médicos que atendem Jarod não foram encontrados pela reportagem até o fechamento desta edição. A equipe de internação do Hospital Belo Horizonte não quis se pronunciar sobre o caso do paciente.

Alerta

Rede social. A mãe do menor compartilhou vídeo no Facebook com alerta para que as pessoas que tiverem sinais da doença procurem um médico. A gravação teve mais de 6.000 visualizações.

Exames mostraram que 61% das capivaras tiveram a doença

No fim do ano passado, a Prefeitura de Belo Horizonte informou que, das 46 capivaras capturadas na orla da lagoa da Pampulha, 28 (61%) já haviam tido febre maculosa alguma vez na vida. Os exames ainda mostraram que os animais possuem anticorpos contra a doença.

Testes da Fundação Ezequiel Dias (Funed) também confirmaram que carrapatos capturados na região tinham a bactéria que causa a febre.

Reuniões entre especialistas, pessoas ligadas a associações de proteção aos animais e prefeitura foram realizadas no Ministério Público de Minas Gerais. Em um encontro de dezembro, foi escolhida a opção de esterilizar os roedores, para que o número de animais seja reduzido naturalmente. Após o procedimento, os animais serão soltos no mesmo ambiente onde estavam.

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