Novas regras

Onda roxa: cidades que pretendiam flexibilizar restrição terão que manter medida

Municípios que já haviam decretado ações restritivas e pretendiam mudar os rumos nas próximas semanas, precisarão voltar atrás

Por Gabriel Rodrigues
Publicado em 03 de março de 2021 | 20:57
 
 
 
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A onda roxa do programa Minas Consciente, que prevê restrições de circulação a regiões determinadas pelo governo de Minas Gerais, fará com que algumas cidades do Noroeste e do Triângulo Norte, que já haviam decretado ações restritivas e pretendiam flexibilizá-las nas próximas semanas, precisem voltar atrás. Até então, a Associação Mineira de Municípios (AMM) diz não ter notícias de prefeitos que desejem contestar judicialmente a decisão do governo estadual. De acordo com o governador Romeu Zema (Novo), a novidade não fere a autonomia das cidades, garantida pelo Supremo Tribunal Federal.  

A Associação dos Municípios da Microrregião do Alto Paranaíba (Amapar), cujas cidades enquadram-se na onda roxa anunciada pelo governador, reunirá prefeitos na sexta-feira (5) para debater a medida estadual, segundo o presidente do grupo e prefeito de Carmo do Paranaíba, César de Almeida Filho (PL). “Não temos condições de simplesmente dizer que vamos liberar as atividades, a despeito do Estado. Mas entendo que ele fez isso de maneira abrupta. Se, por maioria, os prefeitos da associação decidirem não aderir, aí vamos buscar o caminho hipoteticamente jurídico ou administrativo”, diz Almeida. Segundo ele, medidas restritivas aplicadas na cidade administrada por ele vinham resultando em melhorias nos índices epidemiológicos nesta semana. 

A prefeitura de Patos de Minas, na macrorregião Noroeste de Minas, havia decretado um lockdown municipal há 15 dias. A medida terminaria, em princípio, na quinta-feira, mas o governo da cidade pretendia mantê-la até domingo (7) e reabrir a cidade no dia seguinte. Com a decisão estadual, precisará estender as restrições por pelo menos mais duas semanas. Na perspectiva do prefeito, Luís Falcão (Podemos), a decisão do Estado pode ter frutos positivos, porém deveria ter sido aplicada antes. 

“Durante 2020, tivemos uma média de 18 casos diários de Covid-19. Agora, em um único dia tivemos 300. Ficamos um pouco chateados agora porque os números estão caindo (após o decreto municipal) e estávamos organizando tudo para ter uma retomada diferente das atividades desta vez, com rastreamento de casos, testagem mais rápida e uma campanha de conscientização robusta. Mas não estou aqui para questionar a decisão do governo, porque eles estão olhando para a situação geral da região”, diz o prefeito. 

Coromandel, na região Triângulo Norte, também passava por um lockdown decretado pela prefeitura, que seria flexibilizado a partir do dia 8 de março. “Já diminuímos a quantidade de resultados positivos da doença, mas não a letalidade. Não estamos tendo mais vaga de UTI. Estamos com cinco pacientes que precisam de leito e não conseguimos em lugar nenhum. Já transferimos mais de cem. Agora, estou tentando habilitar mais cinco leitos de UTI com Estado e União e 31 de enfermaria no hospital de campanha”, diz o prefeito, Fernando Vieira (Patriotas). Ele diz lamentar a situação do comércio da cidade, que, com a nova decisão estadual, acumulará quase um mês de portas fechadas, e promete recuperar pelo menos 150 empregos no município com a abertura de um hipermercado e de grande sacolão, em breve. 

A medida estadual afetará 60 cidades que, juntas, reúnem cerca de 2 milhões de habitantes.

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