2021

Pesquisador da UFMG é contra aplicar vacina da Covid-19 antes de um ano de teste

Professor acha que é melhor fazer um produto com mais cautela para sua eficácia ser mais prolongada

Por Gabriel Moraes
Publicado em 13 de agosto de 2020 | 22:44
 
 
 
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A CoronaVac, vacina contra a Covid-19 que está sendo desenvolvida pelo Instituto Butantan e que conta com a participação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), deve começar a ser aplicada na população, após aprovação, só a partir do começo do ano que vem. No entanto, essa, que é uma das maiores esperanças da população brasileira, ainda causa divergências no meio científico.

De acordo com o imunologista, pesquisador e professor da instituição Ricardo Gazzinelli, o ideal seria que ela fosse ao mercado apenas após um ano de testes. "Muitas vezes, o pessoal quando pensa em uma vacina, eles pensam em uma que funciona e uma que não funciona. Então, essas que estão sendo feitas rapidamente, a chance de ter uma que dá 90% de proteção, é quase como ganhar na loteria", disse o professor em transmissão ao vivo nas redes sociais na noite desta quinta-feira (13).

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"Eu esperaria. Caso elas tenham alguma eficácia, é na faixa de 60%. Se atingir 70%, olhe lá. Eu acho que nós vamos ter que pensar qual o uso de uma vacina dessas. Provavelmente, você terá limite de doses e eficácia baixa, ou seja, será uma vacina que provavelmente não vai controlar a transmissão. Mas ela pode proteger grupos de risco", opinou.

"O teste clínico tem que durar um ano. Uma vacina que dá imunidade durante três, quatro ou cinco meses, até que ponto nós podemos chamar isso de uma vacina? Então, eu acho que nós vamos ter que aguardar mais tempo. Na minha posição de imunologista, não deveríamos aprovar uma vacina antes de 12 meses", concluiu Gazzinelli.

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O coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) em dengue e interações hospedeiro-microorganismos e membro da Academia Brasileira de Ciências e da Comissão Científica da Anvisa (CCVISA), Mauro Teixeira, que também participou da live UFMG Talks, concorda que o processo de desenvolvimento do produto tem que ser feito com cautela.

"Eu acho que a gente tem tentado fazer rápido, as pesquisas têm sido muito intensas, as agências regulatórias estão tentando funcionar de forma rápida, mas não depressa. Rapidez não pode significar ausência de segurança", ponderou.

Segundo a UFMG, atualmente, cientistas trabalham atualmente em mais de 140 diferentes projetos candidatos a vacina contra o sars-cov-2, dos quais seis já se encontram na fase três de testes, a última etapa antes da comercialização.

A CoronaVac está nessa última fase des testes. Em Minas Gerais, 852 voluntários da área de saúde participarão do estudo.

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