Cães da raça Pitbull famintos, desnutridos, machucados e muito carentes foram resgatados em situação de maus-tratos em um sítio em Sabará, onde estavam sob a custódia de um policial civil. Na semana passada, três deles foram retirados de lá e, nessa terça-feira (16), outros 13 animais que viviam acorrentados e sem acesso a condições mínimas foram salvos. Apesar disso, outros 31 permanecem no espaço, acorrentados, sem acesso a água e alimentação e submetidos às baixas temperaturas ao longo das últimas madrugadas.
Para salvar a vida desses cães, o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) anunciou que está à procura de pessoas interessadas em adotar um ou mais deles. Os cães que ainda estão no sítio só serão retirados de lá aos poucos, porque ainda não há para onde levá-los. Com a ajuda de adotantes, a situação poderá ser resolvida mais rapidamente.
"À medida em que formos conseguindo lares ou adotantes, eles vão sendo retirados do sítio. Os custos com internações e manutenção desses 47 cães são altos e ainda não há fontes de custeio", explica Anelisa Ribeiro Cardoso, promotora e cooperadora da Coordenadoria Estadual de Defesa da Fauna do MPMG.
Apesar de todo o tabu existente em torno da raça Pitbull, médicos veterinários e protetores que atuaram no resgate dos cães garantem que todos são muito carentes de afeto, cuidado e atenção.
"Todos são extremamente dóceis com as pessoas, quando nos veem abanam o rabo, sobem no colo, brincam, fazem a festa. No sítio, ficavam acorrentados, separados uns dos outros e, agora, querem atenção. São cães excelentes para se ter em casa", expõe Bruno Rocha. Ele é presidente do Conselho de Veterinária de Minas Gerais e diretor do hospital veterinário da Faculdade Arnaldo, para onde os 13 cães foram levados na terça-feira.
Muito afetuosos com as pessoas, os pitbulls resgatados apresentam apenas certa resistência ao convívio com outros animais e, por isso, serão submetidos a uma espécie de terapia. "Um aluno da faculdade estuda a socialização dos cães e, com isso, faremos um tratamento para prepará-los para viver com outros animais. Estamos esperando que eles sejam adotados para que seus novos donos se comprometam a trazê-los até aqui para continuarmos o processo", explica o veterinário.
Médicos responsáveis por atender os animais apontam que, o principal problema de saúde apresentado por eles é um severo quadro de desnutrição. "Chegaram todos muito magros, com muitas pulgas pelo corpo. Alguns com ferimentos no pescoço e na boca, outros com dermatite. Estamos esperando os resultados dos exames, mas acreditamos que todos ficarão bem após serem nutridos".
Segundo Rocha, após uma autorização do MPMG, os animais serão castrados e receberão todas as vacinas necessárias. A expectativa é que, em até sete dias, eles estejam disponíveis para os candidatos a adotantes.
Quer adotar? Saiba como!
Interessados em adotar ou oferecer um lar temporário a um ou mais dos animais, podem enviar um e-mail para cedef@mpmg.mp.br ou entrar em contato pelo telefone (31) 3330-9911.
Quem se voluntariar para doar rações, pode entregá-las nos seguintes endereços:
- Conselho Regional de Medicina Veterinária (rua Platina, 189, Prado);
- Colégio Arnaldo unidade Anchieta (rua Vitório Marçola, 360, Anchieta, (31) 3524-5200);
- Colégio Arnaldo unidade Funcionários (praça João Pessoa, 200, (31) 3524-5000).
Condições trágicas
A primeira parte da operação para resgatar os animais maltratados aconteceu ainda em 11 de julho. Naquele dia, autoridades ligadas à proteção animal foram até o abrigo particular lotado na zona rural de Sabará e retiraram de lá três cães em estado mais grave. Eles foram internados no hospital veterinário da UFMG, onde permanecem sob cuidados.
O dono do local e responsável pelos 43 cães é um policial civil. Ele prestou declarações e assinou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), por meio do qual se obrigou a adotar medidas emergenciais para garantir o bem-estar dos animais. O investigado também se comprometeu a entregá-los para os adotantes indicados pelo MPMG.
No sítio, os animais que restaram permanecem acorrentados, o que impede a movimentação, são coleiras muito grossas e correntes pesadas, que provocam sérias lesões no pescoço. São alimentados de forma inadequada e têm acesso apenas a água suja. O local onde estão é frio, úmido e sujo. Tanto os animais resgatados quanto os que ainda permanecem lá apresentam comportamento e vocalização que indicam muito sofrimento.