A Polícia Civil abriu inquérito para investigar uma suposta agressão a um pedreiro de 45 anos, praticada por policiais militares, no bairro Penha, em Passos, no Sul de Minas. O caso ocorreu na última sexta-feira (3) e ganhou repercussão depois que imagens com a abordagem dos policiais foram gravadas pelo filho da vítima e compartilhadas nas redes sociais. O vídeo já foi anexado ao inquérito aberto pela Polícia Civil na última segunda-feira (5).
De acordo com o chefe da Delegacia de Homicídios da cidade, Marcos Pimenta, o próprio pedreiro foi a delegacia levando as imagens e denunciando as agressões. No vídeo, de cerca de dois minutos, dois policiais pulam o muro da casa do trabalhador e dão tapas na cabeça dele, usam spray de pimenta e batem nele com um cassetete.
O delegado já ouviu os policiais e o pedreiro. “Cada um conta uma versão diferente do caso e ainda é cedo para esclarecer o que realmente ocorreu, prefiro esperar o andar das investigações quando vou juntar mais provas e depoimentos”, afirma o delegado.
À polícia o pedreiro contou que foi até a 24ª Cia da Polícia Militar na última sexta-feira porque a ex-mulher dele tinha recebido uma ligação dizendo que o filho do casal estava preso no local. Ele foi recebido por um atendente que saiu para abrir o portão para uma viatura. Enquanto isso o pedreiro fez uma ligação e, segundo ele, os policiais interpretaram mal o que ele dizia ao telefone e começaram a ameaçá-lo.
Já na versão dos policiais, ao delegado, o homem insultava os militares com palavrões e desqualificava o serviço deles. Um capitão teria dado voz de prisão para o homem que resistiu e fugiu do local para sua casa. Um capitão e um cabo da PM foram então dele e, ainda segundo os militares, eles usaram de força moderada para algemar o homem porque ele resistiu a prisão.
O pedreiro foi levado para a 24 ª Companhia onde ficou detido e enquanto isso, as imagens com a abordagem dos policiais circularam no Facebook. Segundo o pedreiro, depois da divulgação do vídeo, ele começou a ser bem tratado pelos policiais que só então o levaram para a delegacia da cidade.
Segundo Pimenta, o pedreiro não podia ter ficado detido na Companhia e tinha que ter sido levado imediatamente para a delegacia. “O certo é o preso ser encaminhado imediatamente a Polícia Civil para que o delegado garante os direitos do cidadão”, afirmou o delegado. Ainda de acordo com ele, o pedreiro disse ter ficado oito horas no quartel militar, porém esse prazo não foi confirmado pela Polícia Civil.
Pimenta afirmou que o vídeo irá passar por perícia para identificar o que foi falado em áudio. A vítima foi orientada a fazer um exame de corpo e delito. “Os laudos vão me ajudar a entender o que aconteceu. Quero saber porque o homem fugiu, no entanto usar de agressão para prendê-lo também não se justifica”, conclui o delegado. Ainda não há prazo para conclusão do inquérito.
O pedreiro chegou a afirmar que foi agredido por ser irmão de um outro policial que em fevereiro deste ano se recusou a cometer um assassinato junto com outros dois militares. A vítima acredita que a agressão pode ser uma vingança. No entanto, o delegado disse que ainda irá investigar se há relação entre os crimes.