Região Metropolitana de BH

Polícia Civil realiza operação e fecha prefeitura e Câmara de Confins

Objetivo da investigação é combater fraudes em licitações; funcionários públicos estão tendo que ficar do lado de fora

Por Guilherme Reis/ Fernanda Viegas
Publicado em 25 de novembro de 2014 | 08:58
 
 
 
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A Polícia Civil investiga a atuação de uma organização criminosa responsável por fraudar licitações em municípios da região de Confins. Nesta terça (25), foram cumpridos mandados de busca e apreensão de documentos na Prefeitura de Confins e na Câmara Municipal na operação chamada de Lavagem 2, um desdobramento da realizada em setembro deste ano. Segundo a polícia, o vereador Aladir José Pessoa de Souza (PTB) seria o líder do grupo.

De acordo com o delegado Jonas Tomazi, responsável pela operação, até o momento, já foram identificados 14 contratos fraudados, que juntos chegam a R$ 2 milhões somente em Confins.

A organização tinha diversas empresas em nome de laranjas, que pertenciam aos integrantes do grupo de Aladir (veja infográfico abaixo) e que acabavam lucrando com a vitória nos certames.

Os nomes das companhias representadas por laranjas não foram revelados, mas levantamento de O TEMPO identificou uma empresa, a Next Comercial Eireli-ME, registrada no mesmo endereço de um dos imóveis do vereador Aladir em Confins e que já foi alvo de investigação da polícia na primeira fase da operação (Lavagem 1).

Criada em 2010 – ano em que a organização começou a atuar na cidade –, a empresa presta diversos serviços desde a confecção de artigos esportivos até obras de urbanização em praças e ruas. As informações estão no site do Ministério da Fazenda.

Em um intervalo de quatro anos, o vereador quase dobrou seu patrimônio. Dados disponíveis no site do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) revelam que o patrimônio de Aladir passou de R$ 263 mil, em 2008, para R$ 410 mil, em 2012.

O salário de um vereador de Confins é de R$ 3.282. O parlamentar ainda tem direito a verba indenizatória no valor mensal de R$ 8.400. O recurso é ressarcido no caso de gastos com o mandato.

A reportagem esteve na casa do vereador para que ele pudesse se defender, mas uma das pessoas da residência informou que Aladir estava em Belo Horizonte. A casa ocupa quase uma quadra inteira e tem piscina e campo de futebol.

Apesar da ligação de Aladir com a prefeitura, já que foi secretário do atual prefeito, Geraldo Gonçalves dos Santos (PSC), o delegado Tomazi diz que ainda não foi comprovada a participação de funcionários da prefeitura no esquema e que o Executivo está colaborando com as investigações.

Entenda
Cassação.
O pedido de cassação do vereador Aladir José Pessoa de Souza deverá ser votado ainda nesta semana na Câmara de Confins.

Adiamento. A apreciação do pedido de cassação do vereador deveria ter sido feita nesta terça, mas, como o Legislativo ficou fechado para que a polícia pudesse recolher os documentos, a reunião plenária não ocorreu.

Presidência. Desde que foi preso, em setembro deste ano, Aladir enfrenta uma comissão processante. Ele era presidente da Câmara e, mesmo em liberdade, não voltou ao posto.

O perfil
Conhecido
. O vereador Aladir José Pessoa de Souza (PTB), antes de tentar uma vaga na Câmara, foi secretário municipal de Esportes. Deixou o posto em 2008 para tentar as eleições para o Legislativo, mas não se elegeu. Em 2012 conseguiu uma cadeira na Câmara.

Negócios. Moradores da cidade não se lembram se, antes de entrar para a política, Aladir tinha empresas ou outro tipo de negócio na cidade.

Calma. Vereadores que trabalham com Aladir relatam que ele é um homem de “temperamento forte, mas é bem tranquilo”.

Atualizada às 22h40.

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