Vespasiano

Polícia prende suspeito de abusar e agredir enteadas por 9 anos

Adolescentes eram estupradas até cinco vezes por semana por homem, que as mantinha em cárcere privado, junto da mãe

Por BRUNO INÁCIO
Publicado em 24 de outubro de 2016 | 19:29
 
 
 
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Há 13 anos, a família de duas adolescentes, hoje com 16 e 18 anos, recorre a uma igreja evangélica, no bairro Morro Alto, em Vespasiano, na região metropolitana de Belo Horizonte, para encontrar motivos para viver. Dentro de casa, porém, a vida das meninas e da mãe, há pelo menos 9 anos, era um verdadeiro inferno.

Trancadas e agredidas pelo padrasto, elas eram submetidas a uma rotina de dominação e humilhações. Nesta segunda-feira (24), o suspeito de ser o responsável por esse terror vivido dentro de casa foi apresentado pela Polícia Civil. O homem, de 37 anos, foi preso suspeito de estuprar as duas enteadas durante 9 anos, além de agredi-las e mantê-las em cárcere privado.

Apesar de o comportamento dele, que era obreiro da igreja que elas frequentavam, dar indícios de que havia algo de errado na casa, ninguém desconfiou que ele pudesse estar molestando as jovens. “Não tínhamos muito contato com as meninas, mas a questão de abuso nunca passou pela nossa cabeça. Eles iam à igreja, ele era obreiro, fomos criados no evangelho. Uma família muito simples”, contou um parente das jovens.

Cansada das agressões que vinha sofrendo, a mais velha das irmãs, de 18 anos, procurou o pai biológico, que não via desde os 2 anos, pelo Facebook, e pediu para ir morar com ele. No último dia 17, ela pediu ajuda a um taxista e foi para a Bahia, viver com o pai. “Quando ela chegou na Bahia, ela relatou que ela e a irmã vinham sofrendo maus-tratos e muitas lesões por parte do padrasto. Apenas na quarta-feira, quando a prisão em flagrante foi feita, é que descobrimos os abusos”, contou a delegada Nicole Perim, da Polícia Civil.

O suspeito foi preso na casa onde vivia com as duas adolescentes e a mãe, que não sabia dos abusos, mas também era agredida por ele. No imóvel, que fica ao lado da Delegacia de Plantão da cidade, o cenário era de confinamento. As janelas estavam cobertas por tijolos, um muro bloqueava a visão da varanda, e roupas e colchões eram queimados numa fogueira.

Em entrevista, o obreiro chorou e disse que estava sendo vítima de uma armação, já que “as palavras das mulheres sempre se sobressaem às dos homens”.

“Eu tinha 9 anos quando isso começou. Ele começou a abusar de mim e depois da minha irmã. Minha mãe é inocente, ela não sabia de nada”, disse a adolescente, de 18 anos. Vivendo agora com o pai, ela disse que não quer mais voltar para Minas Gerais.

Fiéis surpresos

Para a delegada, as vítimas, que eram abusadas até cinco vezes por semana, enquanto a mãe trabalhava, não denunciavam os crimes pois eram constantemente ameaçadas e confinadas. Os membros da igreja do agressor disseram que não suspeitavam dos abusos, apesar de saber que ele agredia mãe e filhas. “Nunca passou pela minha cabeça que ele abusava das meninas”, contou um fiel da igreja, de 29 anos.

Na última quarta-feira (19), a irmã mais nova foi à escola com os cabelos cortados e cheia de hematomas, por possíveis retaliações feitas pelo suspeito após a fuga da irmã mais velha. Como os estupros ainda não foram comprovados, o padrasto responderá, primeiramente, apenas por cárcere privado.

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