Esquema

Policiais Civis recebiam R$10 mil para fazer prova de legislação para candidatos

Ministério Público investiga esquema de venda de CNH envolvendo policiais civis em Minas Gerais

Por Rayllan Oliveira
Publicado em 01 de dezembro de 2022 | 12:21
 
 
 
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Cinco policiais civis, sendo dois aposentados e outros três em atuação, foram alvos de uma operação do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) contra fraudes no processo de obtenção e renovação das Carteiras Nacionais de Habilitação (CNH). Os agentes, que atuam no Detran, são investigados por diversas irregularidades no processo de obtenção do documento. O MPMG não informou sobre a condição dos três civis ainda em atuação. 

De acordo com o promotor de Justiça do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), Petterson Queiroz Araújo, as irregularidades ocorriam desde os exames médicos até a a renovação da CNH. "Temos elementos de provas de pessoas falando que queriam habilitação, mas que não conseguiriam passar na prova de legislação. Um dos investigados disse que faria a prova no lugar dessa pessoa", informou o promotor. Nos trabalhos foram cumpridos 31 mandados de busca e apreensão em Belo Horizonte e cidades da região metropolitana, além de dois municípios do interior do Estado. A pena mínima dos investigados é de três anos de prisão.

A operação realizada nesta quinta-feira (1) foi um desdobramento de uma investigação contra o tráfico de drogas, realizada em 2020. Cerca de 25 pessoas foram alvos dessa operação, incluindo os policiais civis. Os mandados de busca e apreensão foram cumpridos em espaços públicos e particulares nas cidades de Belo Horizonte, Contagem, Ribeirão das Neves, Betim, Ibirité, Lagoa Santa, Divinópolis, Nova Lima e Itaobim. 

Os interessados em obter o documento pagavam uma quantia de até R$ 10 mil. "São pessoas analfabetas e que por algum motivo não tinham condições obter a CNH. Algumas delas tinham problemas de saúde, uma delas cega", contou o promotor. Cinco autoescolas são investigadas suspeitas de cometerem as irregularidades. Os trabalhos foram realizados  pelo Ministério Público em conjunto com as Polícias Civil e Militar de Minas Gerais.

A investigação, que ainda está em andamento, apontou que pelo menos 40 acidentes de trânsito ocorreram com o envolvimento de condutores com a CNH obtida por meio de fraudes. Em um deles, uma mulher, passageira de um ônibus de transporte coletivo, teve a sua perna amputada. "Essa operação vai impactar diretamente no nosso trabalho. Uma pessoa inapta, que não está em condições de dirigir, ela está mais propensa para causar acidentes", pontuou a porta-voz da Polícia Militar de Minas Gerais, a major Layla Brunella.

A operação foi nomeada "Fraus Omnia Corrumpit" em referência aos danos causados para a sociedade pelas fraudes investigadas. Procurada pela reportagem de O Tempo sobre o envolvimento dos agentes, a Polícia Civil de Minas Gerais informou que prestou apoio no cumprimento dos mandados e que demais informações serão repassadas em momento oportuno.

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