CONTAGEM

Porteiro é degolado por mudar horário de trabalho

Funcionário de um restaurante teria sido morto por colega de trabalho inconformado com a perda de adicional noturno

Por Fernanda Viegas
Publicado em 28 de setembro de 2016 | 07:54
 
 
 
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Uma troca de turno de trabalho pode ter sido o motivo que resultou na morte de um porteiro de um restaurante, em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, na noite dessa terça-feira (27). Antônio Benedito Maia, de 58 anos, foi degolado na cozinha da empresa por um colega de profissão, que teria ficado insatisfeito com a mudança de horário que acarretou a perda do adicional noturno – benefício que garante ao empregado que trabalha à noite um complemento salarial.

Apontado pela Polícia Civil como suposto autor do crime, Jorge Yoshimobu Motayama Junior, de 42 anos, ainda não havia sido preso, até o fechamento desta edição.

De acordo com a Polícia Militar, o crime ocorreu por volta das 22h30. Maia era porteiro de uma conservadora que presta serviço terceirizado para o Serviço Social da Indústria (Sesi). Ele trabalhava no Restaurante do Trabalhador Henriqueta Maria Prieto, no bairro Cidade Industrial, e estava falando ao telefone com a mulher, quando ela ouviu um barulho e ele não respondeu mais. Desesperada, ela acionou o 190. “A esposa não estava conseguindo explicar direito o endereço do serviço do marido. Eu disse a ela para ficar calma, tentando tranquilizá-la. No entanto, quando chegamos ao local, a cena era horrível, infelizmente”, disse o cabo Ricardo Julio Fernandes, da 43ª Cia. da PM, responsável pela ocorrência.

O corpo do porteiro foi encontrado nos degraus de uma escada, no fim do corredor que dá acesso à cozinha do restaurante. Uma faca suja de sangue foi apreendida, além de um pouco de torta caída em um tapete e uma camisa preta com marcas de sangue. No local, os militares perceberam ainda pedaços de uma câmera de segurança próximo ao corpo da vítima.

Segundo a perícia da Polícia Civil, Maia foi morto com um corte profundo no pescoço. As investigações sobre o caso estão a cargo do delegado Alexandre Oliveira, da delegacia de Homicídios de Contagem.

Por meio de assessoria de imprensa, Oliveira informou que Junior chegou a reclamar da mudança de horário na empresa, na data anterior. No dia do crime, ele teria batido em Maia e passado a faca no pescoço do colega.

Ainda conforme o delegado, o suspeito fugiu com câmeras de segurança e com o computador da empresa que registrava as imagens do circuito de vigilância do restaurante.

Nessa quarta-feira (28) pela manhã, funcionários do restaurante evitaram falar com a imprensa sobre o assunto. Uma empregada da conservadora disse, sob anonimato, que a troca de turno entre os envolvidos ocorreu há dois meses e que suspeito e vítima pareciam ter aceitado o acordo sem problemas. “Eles eram amigos”, disse a mulher.

A conservadora informou que está prestando assistência às famílias.

Sesi

Por meio de assessoria de imprensa, o Serviço Social da Indústria (Sesi) informou que está colaborando com a investigação da Polícia Civil e que aguarda a apuração dos fatos para comentar o que realmente aconteceu no restaurante. 


Família está abalada

Morador de Ribeirão das Neves, na região metropolitana de Belo Horizonte, o porteiro Antônio Benedito Maia trabalhava na conservadora há pelo menos um ano, conforme informou a empresa. Ele era casado e tinha uma filha de 25 anos. Por telefone, um sobrinho da vítima, de 35 anos, contou que a mulher e a filha da vítima estavam muito abaladas com a perda. “Elas estão acabadas, sem condições de falar. Foi tudo muito de repente. Fomos todos pegos de surpresa”, contou o microempresário que, por medo, pediu para não ser identificado.

Ainda conforme o parente, o tio era um homem tranquilo e trabalhador. “Ele não fumava, não bebia, pegava o serviço no horário. Ainda não sabemos se ele tinha rixa com alguém, porque ele nunca comentou nada com a família”, completou o sobrinho.

Um homem que trabalha para uma distribuidora de alimentos que abastece o restaurante e estava acostumado a encontrar diariamente com Maia disse, sob anonimato, que o porteiro era calado. “Ele era tranquilo, na dele”, disse.


Testemunha foi agredida por suspeito

FOTO: Alex de Jesus
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Testemunha foi levada para a Delegacia de Plantão

Antes de matar o colega de trabalho, Jorge Yoshimobu Motayama Junior ainda teria agredido um usuário de drogas que estava na rua do restaurante consumindo crack. A vítima é o operador de empilhadeira Helbert Carlos Couto, de 36 anos, que chegou a ser preso pela Polícia Militar, durante a madrugada, suspeito de ter cometido o crime.

Como a calçada perto do restaurante tinha marcas de sangue, a PM procurou em unidades de saúde da cidade por alguém que estivesse ferido. Na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) JK, na avenida João César de Oliveira, no bairro Eldorado, os militares encontraram Couto com o nariz fraturado e o pulso direito com uma luxação. Na Delegacia de Plantão de Contagem, ele deu a versão dos fatos. “Infelizmente, por causa dessa situação, eu vou ter que contar para todo mundo que sou usuário de crack e estava naquela rua por causa disso. Mas, como sou inocente, não preciso ficar calado”, disse o homem, algemado, à equipe de reportagem.

De acordo com Couto, por volta das 22h, um homem chegou em um Fusca e foi logo o agredindo. O homem também bateu em outro usuário de drogas, dizendo que os dois não poderiam ficar no local. Couto disse que foi levado até a UPA por uma viatura da PM de Belo Horizonte. “O outro rapaz que também estava lá pode confirmar a minha história. Além disso, basta a polícia solicitar as imagens de segurança das empresas da região que eles vão ver que não estou mentindo”, disse Couto, repetidas vezes.

Por meio de assessoria de imprensa, a Polícia Civil informou, no início da tarde dessa quarta-feira (28), que Couto também era uma vítima de Junior. (NL)
 

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