Norte de Minas

Preso falso policial que roubava de pobres para construir chácara luxuosa

Além disso, estelionatário também fingia ajudar pessoas com problemas de saúde e chegou a faturar cerca de R$ 1 milhão

Por Laura Maria
Publicado em 15 de maio de 2019 | 19:37
 
 
 
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Chácara luxuosa com piscina, três carros na garagem e muito dinheiro no bolso. Assim era a vida de um dos maiores estelionatários do Norte de Minas Gerais, que chegou a faturar cerca de R$ 1 milhão roubando de pessoas com baixas condições financeiras. Parte do dinheiro ilícito era utilizado, inclusive, na construção da chácara. Mas a vida de “patrão” acabou nessa terça-feira (14), quando foi preso pela Polícia Civil em seu sítio localizado no distrito de Nova Esperança, no Norte de Minas Gerais.

Nem as 30 ocorrências registradas contra ele nem os 12 inquéritos abertos para investigá-lo intimidavam o estelionatário. Ele agia desde 2015 em cidades como Bocaiúva, Capitão Enéas e Montes Claros e tinha uma lista de golpes “na manga” para serem aplicados conforme o perfil da vítima. Um deles era se passar por policial civil para prometer a pessoas de comunidades rurais de cidades do Norte que facilitaria a obtenção da carteira de habilitação.

Delegada que investiga o caso, Thalita Caldeira explica como ele agia. “Ele ia até essas comunidades vendendo a ilusão de que ajudaria essas pessoas a tirarem a CNH. Chegava a levá-las até a auto-escolas, mas depois desaparecia. Com isso, conseguiu arrecadar R$ 2 mil, R$ 5 mil e até R$ 7 mil de cada uma delas”, explica.

Outras vezes, o homem dizia que poderia auxiliar as vítimas em seus problemas de saúde, como na facilitação de procedimentos médicos. “Teve um caso em que ele levou uma pessoa para fazer cirurgia de catarata. Aproveitando do momento em que ela não enxergava quase nada por causa do colírio, pediu que assinasse documentos para conclusão do possível procedimento. Mas, na verdade, esses papéis se destinavam à compra de um carro”, contou.

Segundo a delegada, o estelionatário fez, pelo menos, 30 vítimas, tendo em vista o número de ocorrências registradas contra ele na Polícia Militar. Entretanto, esse número pode ser muito maior. “Cada vez que mexemos no caso, descobrimos mais vítimas”, conta, explicando que o homem está sendo investigado desde 2017. Com os golpes, ele pode ter faturado até R$ 1 milhão. 

‘Crime de gogó’

A delegada explica que, apesar da extensa ficha criminal contra ele, era difícil prendê-lo por causa do crime que praticava. “Nós, da polícia, temos muita dificuldade em prender estelionatários porque o crime não envolve lesão corporal. Além disso, ainda há o fato da superlotação dos presídios, onde há pessoas cumprindo crime de homicídio, estupro… Estelionato é um crime de ‘gogó’”, fala.

Para prendê-lo, portanto, foi preciso dar fôlego a uma investigação mais robusta. “Reunimos vários registros de crime. Além de estelionato, ele também pode ser acusado de falsificação de documentos públicos e particulares e apropriação de provento de idoso. O estelionato mesmo dá mesmo no máximo quatro anos de prisão”, comenta.

Abusava da família

Ao ser preso, o homem foi encontrado com documentos falsificados do próprio irmão que morreu. Segundo a polícia, a suspeita é que ele praticaria um crime utilizando-se da identificação do parente.

Além disso, o estelionatário também fez empréstimos e compras em nome do seu pai, que é idoso.

Com ele, também foram apreendidos dois pares de algemas, possivelmente utilizadas para que ele se passasse de policial.

Depois de ser detido, o homem foi encaminhado para o presídio regional de Montes Claros, onde permanece à disposição da Justiça.

 

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