Os 28 sequestros registrados em Minas pela Delegacia Antissequestro do Estado entre janeiro e junho deste ano foram coordenados por detentos da enitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na região metropolitana, segundo a Polícia Civil. Breno Henrique Gonçalves de Barcelos, 27, é um deles. Dentro da cadeia, ele usou um celular para criar um perfil no WhatsApp e abordar dois fazendeiros, simulando a venda de 120 bezerras. Após monitoramento feito pela corporação, quatro pessoas foram presas em flagrante, em Pitangui, na região Centro-Oeste.
Segundo o delegado Ramon Sandoli, demonstrando conhecimento sobre gado e usando imagens de uma fazenda com os animais anunciados, Barcelos, que dizia se chamar João, ganhava a confiança das vítimas. Há cerca de quatro dias, ao negociar com um dos fazendeiros, de 38 anos, do Norte de Minas, ele recrutou Daiane Marques, 22, que fingia ser sua mulher.
O detento marcou o encontro com o fazendeiro nesta quarta-feira (12), em um restaurante de Pitangui, onde seriam pagos R$ 85 mil pelo gado. Daiane, como representante de Barcelos, foi com o fazendeiro, o pai dele, de 64 anos, e um amigo, de 40, à suposta fazenda.
Da porteira, três suspeitos – o namorado dela, Getúlio de Oliveira, 25, Rafael Veloso, 37, e Cristian Faria, 25 levaram as vítimas a uma casa em construção no centro da cidade. Rendidos, eles receberam ordens do preso por telefone. “Ele mandou transferir R$ 85 mil a uma conta”, contou Sandoli.
Pouco tempo depois, os quatro foram presos, já que a polícia monitorava o grupo.
Polícia busca origem de conta bancária indicada por detento
O valor transferido pela vítima à conta bancária indicada pelo detento Breno Henrique Gonçalves de Barcelos foi devolvido à família, segundo o delegado Ramon Sandoli, que informou que a polícia trabalha para descobrir “a origem dessa conta”.
O grupo vai responder por extorsão mediante sequestro e organização criminosa, de acordo com a corporação. A pena pode ser de 12 a 20 anos de prisão. Barcelos está detido há oito anos por várias condenações por roubo, conforme Sandoli.
Em nota, a Secretaria de Estado de Administração Prisional (Seap) informou que trabalhou com a Delegacia Especializada Antissequestro para identificar os suspeitos. Segundo a pasta, são realizadas ações de revistas rotineiras para retirar objetos ilícitos dos presídios. “Os presos identificados em ações ilícitas, além de responderem criminalmente, sofrem sanções administrativas”, diz nota.