Presídio

Presos denunciam presença de larvas em 'quentinhas' na Nelson Hungria

Detentos gravaram vídeo em que vermes são vistos entre grãos de feijão

Por Clarisse Souza
Publicado em 07 de maio de 2019 | 16:10
 
 
 
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Um vídeo supostamente gravado por detentos dentro da Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, denuncia a presença de larvas no almoço servido aos presidiários nessa segunda-feira (6). Nas imagens, é possível ver vermes se movimentando entre grãos de feijão servidos em um marmitex.

Em um áudio enviado por um aplicativo de mensagens no mesmo dia, outro preso critica a qualidade do alimento que chega às celas. “(Estão) mandando ‘rango’ azedo direto, até com bicho. Estão mandando é lavagem pra gente comer. Maior tiração”, reclama.  

O vídeo foi enviado a parentes dos presos e chegou até Willian Santos, advogado da Rede Nacional de Advogados Populares de Minas Gerais (Renap-MG), que o publicou em uma rede social . “Constatei com outros familiares a veracidade (da denúncia) e por ser o alimento um direito  elementar e não um luxo, a tornamos pública”, explica Santos.

O advogado afirma que não é a primeira vez que presos recebem comida estragada na unidade. “Parece que é um padrão. Mas é a primeira vez que a gente pode presenciar o fato em imagens”, diz Santos. Segundo ele, o tema é motivo de reclamações constantes de familiares dos presos, que discutem o assunto em grupos nas redes sociais.

O  ex-presidente da Comissão de Assuntos Carcerários da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/MG) Fábio Piló também recebeu as imagens e cobra um posicionamento da Secretaria de Estado de Administração Prisional (Seap). “É uma obrigação da Seap averiguar se aquilo se trata de um marmitex que chegou naquelas condições ou se é um marmitex do dia anterior que dormiu fora das condições ideiais de temperatura e, consequentemente, ficou com aquelas larvas”, cobra o advogado.

Celular na cadeia

O vídeo gravado pelos detentos também escancara a facilidade com que presos têm acesso a celulares dentro da cadeia. Piló afirma que a entrada de telefones nas unidades prisionais “se tornou um negócio” e critica a ineficácia de sistemas como os bloqueadores de sinais, que não inibem o envio de mensagens para além dos muros dos presídios. “Mas esse é o lado positivo de se entrar com celulares nas unidades prisionais: a realização de denúncias por parte dos detentos. O lado negativo é a prática dos crimes”, avalia.

Resposta

Em nota, a Seap informou que a diretoria do Complexo Penitenciário Nelson Hungria ainda não recebeu denúncia formal de alimentação estragada. Caso seja confirmada irregularidade, a secretaria disse que a empresa que fornece a comida será notificada. O órgão afirmou  ainda que vai apurar tanto a procedência do vídeo quanto o uso de celulares dentro da cadeia. 

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