CIÊNCIA

Primeira cientista de MG entra pra 'realeza' da química mundial; conheça

Acadêmica foi reconhecida como ‘fellow’ da Royal Society Of Chemistry, do Reino Unido; seus estudos querem tornar possível os computadores quânticos

Por Isabela Abalen
Publicado em 14 de junho de 2023 | 14:47
 
 
 
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A ciência mineira ganhou célebre reconhecimento pelo trabalho da pesquisadora Cynthia Lopes Martins Pereira na área da química. Pereira é a primeira cientista mulher de Minas Gerais a ser reconhecida como ‘fellow’ da Royal Society of Chemistry (RSC), do Reino Unido, considerada a mais importante organização dedicada ao avanço das ciências químicas. Pelo trabalho de Cynthia, estamos mais perto de conhecer os computadores quânticos. 

O título é dado aos associados de todo o mundo que tenham feito contribuições notáveis na área. E 5% dos fellows são detentores do Prêmio Nobel. O grupo seleto tem pelo menos 26 brasileiros, 23 homens e três mulheres. Cynthia Pereira, além da primeira mulher cientista mineira, é, também, a segunda pesquisadora negra do país a entrar para a elite da academia mundial. 

“É uma honra receber o título. É prova da qualidade e relevância internacional da ciência desenvolvida na universidade pública e gratuita brasileira. Não ganho sozinha, ganha também a UFMG, o nosso departamento de química, todas as instituições de fomento da pesquisa que investem na nossa ciência”, celebra. 

Quem é Cynthia Pereira?

Belo-horizontina de 48 anos, é doutora em Química Inorgânica pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), pós-doutora pela Université Pierre et Marie Curie, de Paris, e Visiting Scholar (pesquisadora visitante) na Universidade da Califórnia, em Berkeley, nos Estados Unidos. 

Já recebeu o Prêmio UFMG de teses e o 1º lugar no Prêmio CAPES de Tese, como orientadora. Professora do Departamento de Química da UFMG, contribui com estudos na área da Química Inorgânica, isto é, pesquisa as propriedades, estruturas e reatividade dos compostos da Tabela Periódica. 

Cynthia é, desde o final do ano passado, membro do "advisory board", o conselho consultivo (em livre tradução) da renomada revista científica CrystEngComm, da Royal Society of Chemistry. E, agora em junho, poucos meses após o início do seu contato com a Sociedade, torna-se fellow. 

Computação quântica: cientista nos ajuda a ter respostas mais rápidas 

A tecnologia do futuro pode armazenar zilhões de informações sem sobrecarregar o seu funcionamento e oferecendo respostas ágeis em um período de tempo efêmero. A cientista Cynthia Pereira trabalha para que você possa aposentar o notebook e entrar na era dos computadores quânticos.

“Eu trabalho no design de moléculas com propriedades magnéticas, que serão futuros materiais para computação quântica. Empresas como o Google têm investido nessas pesquisas, porque, assim, conseguimos armazenar mais informações, em menor espaço e com muito mais agilidade”, explica. 

Representatividade 

Para a cientista, ocupar um espaço na elite da ciência mundial sendo pesquisadora mulher é vencer diversas barreiras. “É uma conquista coletiva, sim. Mas também é uma resposta de um enorme esforço acadêmico da minha parte. Como mulher, luto para ter meu trabalho reconhecido. Então, receber esta homenagem é muito relevante”, diz. 

Se as pesquisadoras são poucas, as cientistas negras são ainda mais raras. “Me sinto grata por ter a oportunidade de representar essa parcela de mulheres. Espero servir como exemplo para as jovens cientistas que sonham em ter suas pesquisas reconhecidas, para que saibam que há espaço para insistir na ciência e construir um mundo melhor”. 

Conheça o trabalho de Cynthia

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