“São cinco horas e 15 minutos. Motoristas devem evitar o centro da cidade, que se encontra congestionado agora”. Essa notícia é ouvida praticamente todos os dias em uma rádio de Itabira, município de 116 mil habitantes, na região metropolitana de Belo Horizonte. Situação semelhante foi registrada em um vídeo feito em Uberaba, no Triângulo Mineiro, onde vários carros parados fazem um verdadeiro buzinaço. A mobilidade urbana não é mais um assunto só de “gente grande”, já tem feito muito barulho em médias e pequenas cidades pelo interior de Minas Gerais.
“Recebemos relatos de pessoas que levam 35 minutos para andar 100 m no centro. O volume de carros cresceu, e a cidade continuou a mesma, sem melhorias”, disse Elder Black, diretor artístico da rádio Pontal de Bom Despacho. No último ano, segundo ele, os boletins de trânsito passaram a ser transmitidos entre as 16h30 e as 19h30.
No horário de pico, seja na pequena Bom Despacho, nas nem tão pequenas Manhuaçu e Caratinga, nas médias Ipatinga e Divinópolis e nas grandes Montes Claros, Juiz de Fora e Uberlândia, ninguém escapa do trânsito no centro da cidade. “No almoço, na saída de escolas, todos os municípios têm o mesmo caos da capital. O aumento do número de veículos atinge a todos. Um importante fator é a expansão horizontal das cidades, que começaram a crescer em tamanho, obrigando as pessoas a fazerem grandes deslocamentos”, afirmou a promotora de habitação e urbanismo do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) Marta Alves Larcher. Segundo ela, nas cidades menores ainda é pior porque não existe nem transporte público regular.
Na maioria dos municípios, a frota de veículos já atinge metade da população. Se em Belo Horizonte há um carro para cada 1,45 morador, em Bom Despacho, no Centro-Oeste, que tem menos de 50 mil habitantes, a proporção da frota é de 1,97. O número de automóveis na cidade chegou a exatamente 50% dos moradores neste ano. A prefeitura já começou a adotar medidas para evitar acidentes.
“Estamos implantando o estacionamento rotativo na área central, quebra-molas, ciclovias e bicicletários. Vamos replanejar as linhas de ônibus no centro”, disse o secretário municipal de Desenvolvimento Urbano, Renato Pontes. A pesquisa origem e destino mostrou que mais da metade das pessoas se locomove de carro na cidade.
Transporte. Com a “imobilidade” batendo à porta, as cidades maiores do interior do Estado começam a seguir o exemplo das capitais do país e estão sendo obrigadas a dar prioridade ao transporte público. Uberlândia, no Triângulo, já tem a segunda maior frota de ônibus de Minas e é a que mais cresce no país – cerca de 10% ao ano. Diante da expectativa de chegar a ter a um veículo por habitante, em 2020, a prefeitura está ampliando o sistema de ônibus. Serão construídos quatro terminais de BRT, cinco corredores e 66 estações.