Minas

Procura por teste de Covid-19 pode aumentar em até 92% durante o mês de dezembro

Porém, especialistas alertam que, após resultado negativo, as pessoas não podem relaxar quanto a isolamento

Por Gabriel Moraes
Publicado em 24 de dezembro de 2020 | 07:00
 
 
 
normal

O número de casos confirmados de coronavírus vêm aumentando exponencialmente em Minas Gerais e, ao mesmo tempo, o número de testes para se detectar a doença também. Em alguns laboratórios e farmácias, por exemplo, o aumento na procura por esses exames pode aumentar em até 92% neste mês em relação a novembro.

Segundo a rede de drogarias Araujo, em 2020, a empresa observou dois picos na testagem para a Covid-19: um em julho e outro em novembro. Apesar de não divulgar números absolutos, foi informado que houve um crescimento de 30% na quantidade de exames entre um mês e outro – já para dezembro, a expectativa é que haja 150% mais testes se comparado a julho, ou seja, aproximadamente 92% de crescimento em relação a novembro.

Em dezembro, até o momento, cerca de 24% dos pacientes que fizeram os exames testaram positivo para o coronavírus. O teste de maior demanda, conforme a Araujo, é o teste rápido AG, que utiliza um swab nasal e é indicado para detectar pacientes que estão na fase ativa da doença.

Já o laboratório Lustosa, que possui unidades em Belo Horizonte e outras cinco cidades da região metropolitana, registrou, de outubro para novembro, um aumento de 43% no números de testes RT-PCR (molecular) – já neste mês, até o momento, o crescimento foi de 64%. De acordo com a assessoria de imprensa da empresa, a expectativa é superar 70% de aumento até o final do mês.

Leia mais: Governo de Minas deixa oito das 14 regiões na Onda Vermelha na véspera do Natal

O Hermes Pardini, um dos laboratórios mais conhecidos do estado quando o assunto é teste para Covid-19, informou que nos 17 primeiros dias de dezembro houve um aumento de 80% na procura pelos exames, se comparado o mesmo período do mês passado. Esse número se refere a todo o país, porém, dados mais detalhados não foram repassados.

O laboratório São Paulo, presente na capital mineira e outras cidades do estado, não divulgou dados precisos quanto ao número de testes feitos. No entanto, informou que a porcentagem de positividade cresceu: entre 15/10 e 15/11, 8% dos pacientes foram diagnosticados com o coronavírus; já entre 15/11 e 15/12, esse percentual aumentou para 20%.

Alerta

De acordo com o médico infectologista Leandro Curi, quanto mais as pessoas fizerem testes, melhor, porém, eles não podem ser considerados um facilitador para os encontros. "É melhor testar do que não testar, porque é melhor saber se teve contato ou se está com a doença ou não. Só que isso não significa que é algo seguro. O uso do teste não vai necessariamente facilitar as coisas para o encontro", alerta.

"Por exemplo: o teste sorológico vai falar se a pessoa já teve a infecção antes ou não. Ele não vai falar de infecção recente ou ativa. E o pior, às vezes, dá um resultado positivo e causa na pessoa uma sensação de que ela está imune, aí ela chuta o balde para máscara, faz aglomeração, e passa a não se preocupar tanto com a doença", explica.

Ainda conforme o médico, um outro problema é quando o teste, independente de seu tipo, dá negativo, e também causa tranquilidade no paciente. "O teste mais fidedigno é o swab, que causa incômodo no nariz. Mas pode ser que a pessoa tenha o vírus e não acuse, isso pode acontecer. Talvez porque a amostra não foi boa, ou pelo tempo de infecção, enfim, diversos fatores", pondera.

"E quando isso ocorre, é o que a gente chama de falso negativo. Aí ela fica tranquila, despreocupada e se sente mais segura para encontrar com outras pessoas, com os pais, ainda mais agora nessa época de fim de ano. O teste, independente do resultado, não pode causar relaxamento. Ele não é uma segurança para você agir como se não houvesse uma pandemia", completa.

Fatores

Segundo o sócio-diretor do Laboratório São Paulo, Daniel Dias Ribeiro, há três fatores principais para o aumento da demanda por testes de coronavírus neste fim de ano. "A primeira e mais real que a gente tem, é que temos o aumento do número de casos e, com isso, temos mais pessoas sintomáticas e mais necessidade de fazer diagnóstico. Então, obviamente, aumenta a demanda pelos testes", opina.

"Como a gente começa a ver pessoas perto da gente com sintomas e com Covid-19, aumenta o estresse das pessoas e isso também faz com que elas façam mais testes, mesmo quando não existem sintomas ou muito pouco", completa.

Por último, Ribeiro, que é médico hematologista e patologista clínico, corrobora a visão de Leandro Curi sobre a sensação de tranquilidade que um resultado positivo, no passado, e um resultado negativo, no presente, causa nas pessoas, provocando um relaxamento quanto às medidas necessárias de combate à pandemia.

"O outro fator é que estamos no Natal, e as pessoas fazem o teste na expectativa de que um resultado negativo traga segurança nos encontros e festas. É possível sim que o teste aumente a segurança, mas de jeito nenhum ele garante que a gente não vai estar transmitindo. Temos pessoas que vão demorar um pouco mais a positivar e temos um período de incubação do vírus que pode ser até de 14 dias", afirma.

Atendimento

Nesta quinta-feira (24) e na próxima (31), o drive thru da Drogaria Araujo irá funcionar das 7h às 18h. O valor do teste IgG/IgM é de R$ 195; já o RT-PCR, R$ 350.

No laboratório Lustosa, o horário de funcionamento nos dias 24 e 31 será de 7h às 11h; nos dias 25 e 1º não haverá atendimento. Na empresa, o RT-PCR custa R$ 259,00, e o IgG/IgM, R$ 109.

A unidade do Hermes Pardini da rua Aimorés, no bairro Funcionários, região Centro-Sul de Belo Horizonte, funcionará nesta quinta-feira (24) das 6h às 19h; as demais de 6h às 12h. Nesta sexta-feira (25), apenas a primeiro funcionará, de 6h às 13h. No laboratório, o teste RT-PCR custa R$ 270, já o IgG/IgM, R$ 150.

Na unidade matriz do laboratório São Paulo (Santa Efigênia) neste dia 24 será feito entre 6h30 e 14h; nas demais unidades, entre 6h30 e 12h. Lá, o RT-PCR custa R$ 230, e o IgG/IgM, R$ 150.

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!