CIDADES

Projeto prevê captação de água de chuva em BH

Novas construções podem ser obrigadas a ter caixas que armazenam águas pluviais, que depois seriam usadas para irrigação, descarga e limpeza de passeios.

Por SANDRA CARVALHO / ESPECIAL PARA O TEMPO
Publicado em 14 de maio de 2007 | 00:01
 
 
 
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As novas edificações registradas na Prefeitura de Belo Horizonte poderão ser obrigadas a instalar sistemas para captação e aproveitamento de água de chuva. É o que prevê o projeto 57/05, de autoria do vereador Ricardo Chambarelle (PRB).

O projeto passou pelas comissões permanentes da Câmara Municipal e poderá ser votado a partir do dia 18 de maio. A proposta é justificada na economia de água em tempos de aquecimento global.

O texto diz que a água da chuva seria captada através de caixas de armazenamento apropriadas, para ser posteriormente utilizada na irrigação de hortas, descargas, limpeza de passeios e de áreas de uso comum.

"É uma medida de prevenção devido aos graves problemas que certamente teremos no futuro, caso não sejam adotados métodos para a racionalização do uso da água", diz o vereador.

O projeto também prevê instalação de aparelhos e dispositivos que economizam água, como torneiras com arejador e com sistema de fechamento automático e vasos sanitários com volume de descarga reduzido, cujo consumo máximo é de até 6 l de água por descarga.

O sistema será obrigatório nas construções verticais e nas horizontais com mais de 200 metros quadrados. No caso das edificações não-residenciais, a obrigatoriedade vale para aquelas que possuem área a partir de 600 metros quadrados.

O texto diz ainda que a liberação do alvará do projeto arquitetônico das edificações, expedido pela prefeitura, deve ser condicionado à legislação. A vereadora Luzia Ferreira (PPS), relatora do projeto na Comissão de Meio Ambiente e Política Urbana, disse que o tema deve ser tratado com urgência.

Construção antiga deveria ser incluída

O projeto 57/05, em tramitação na Câmara Municipal de Belo Horizonte, deveria obrigar a captação de água de chuva também em construções antigas. Essa é a opinião do coordenador da Conferência Latino-Americana sobre Meio Ambiente e Responsabilidade Social (Ecolatina), Ronaldo Gusmão.

"A intenção do projeto é boa, mas inócua a meu ver, pois Belo Horizonte é uma cidade com pouca área livre para as novas construções", afirmou.

Gusmão ressaltou que a obrigatoriedade da captação da água de chuva deveria ser estendida também aos prédios e áreas de gestão de órgãos públicos e cita como exemplo a praça da Liberdade, na região Centro-Sul da cidade. "A água captada na praça poderia alimentar suas fontes", sugeriu.

Já o doutor em engenharia hidráulica e saneamento Hiram Sartori também coordenador da pós-graduação de gestão ambiental e resíduos sólidos da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, acredita que o propósito não deve englobar as construções antigas.

"As construções são projetadas para suportar um limite de peso. Incluir esses sistemas pode interferir na resistência das estruturas", disse.

Hidrômetros
Um outro projeto de lei que prevê, entre outros fatores, a economia de água em prédios tramita na Assembléia Legislativa de Minas Gerais.

O texto, de autoria dos deputados Fábio Avelar (PSC) e Adalclever Lopes (PMDB), foi apresentado em abril e está sendo debatido em comissões permanentes da casa.

 O projeto determina a instalação de hidrômetros individuais em prédios e condomínios para que moradores que gastam pouca água não paguem pelos que têm um consumo maior.

Segundo os autores, o projeto é também uma forma de estimular a economia individual de água em prédios e condomínios.

Arquiteto faz captação de água pluvial há oito anos

O arquiteto Cícero Christófaro faz captação de água de chuva há oito anos em uma área verde de 5.000 metros quadrados, onde desenvolve cursos de plantio de orquídeas. Ele mesmo criou e implantou o sistema de captação, que foi aperfeiçoado com o tempo.

"A água de chuva cai em pequenos reservatórios impermeáveis. Quando esses reservatórios enchem, a água é canalizada para uma pequena caixa d"água receptora, de onde é encaminhada, em tubos de PVC, para a irrigação das plantas", explica.

O sistema elaborado pelo arquiteto tem capacidade de armazenar até 100 mil litros de água de chuva. Embora não tenha mensurado o gasto com o sistema implantado e a economia de água gerada por ele, Christófaro garante que seu plano de captação vale a pena.

"Meu objetivo inicial foi preservar os recursos hídricos e contribuir para a umidade do ar. Mas o projeto também resultou em economia. No período chuvoso, não gasto água da Copasa."

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