Debate

Projeto que quer proibir uso de canudinho em BH gera polêmica

Comerciantes temem aumento de custos com aquisição de produto de papel, que é 30% mais caro

Por Aline Diniz
Publicado em 06 de julho de 2019 | 03:00
 
 
 
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A partir de agosto, o comércio de Belo Horizonte pode ficar proibido de vender copos e canudos de plástico. O Projeto de Lei 614/2018, do vereador Elvis Côrtes (PHS), foi aprovado em primeiro turno na Casa, em junho, e a expectativa é que a votação em segundo turno ocorra no próximo mês. A iminência da aprovação já gerou polêmica com relação à viabilidade da regra. Enquanto a preocupação com o meio ambiente é considerada por moradores da capital e comerciantes, há dúvidas sobre a disponibilidade dos produtos biodegradáveis no mercado.

A vendedora de coco Sueli Augusta, 57, é a favor da lei, mas considera que ela vai ter dificuldades para comprar canudos de papel para seus clientes se a nova norma passar a valer na capital. “A gente precisa de suporte para colocar em prática isso. Não há lugar para comprar (o canudo biodegradável)”, afirma. Assim como ela, 64% das 281 pessoas que responderam a uma enquete feita pelo portal O TEMPO são contra os canudos de plástico.

Para a superintendente da Associação Mineira de Defesa do Ambiente, Maria Dalce Ricas, a votação é urgente. “O plástico é o grande responsável pela degradação dos oceanos e dos cursos d’água. O material demora 400 anos para se deteriorar”, salienta.

Na prática, o custo dos canudos descartáveis pode acabar no bolso do consumidor, já que o produto (canudo) biodegradável é 30% mais caro do que o de plástico. Na opinião do presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) de Minas Gerais, Ricardo Rodrigues, o tempo de seis meses para a adequação, estipulado no projeto de lei, não é suficiente. “A indústria não vai ter tempo de se remodelar para atender a demanda”, considera.

A multa para o comerciante que descumprir a regra será de R$ 5.000. O projeto de lei, de duas páginas, não traz detalhes de como a medida será fiscalizada, nem dados sobre a poluição causada pelo plástico. Por meio da assessoria, o vereador Côrtes informou que “emendas para a melhoria (do texto) estão sendo analisadas”.

Adesão ocorre antes de regra

O pequeno Daniel Veras, 9, já se nega a usar os canudinhos mesmo antes de eles serem proibidos na capital. “Eles prejudicam os animais”, disse enquanto consumia água de coco na praça do Papa, em BH, sem usar o produto.

Já em Uberaba, no Triângulo, onde os canudos já são proibidos, muitos ainda se rebelam. “Os mais velhos ainda têm resistência”, contou a comerciante Rosana Castro.

 

A favor

“O plástico agride o meio ambiente. É preciso investir em pesquisas para tecnologias que busquem materiais biodegradáveis.”

Sergio Pizano, 33

Professor de ciências

 

Contra

“Como vamos beber refrigerante sem canudo? É questão de cultura. O brasileiro tem que ser reeducado primeiro.”

Dalva Marques, 50

Comerciante

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