Trânsito

Quatorze novos radares entram em operação nesta terça-feira em BH

Previsão é ter 382 equipamentos até dezembro; média será de 0,86 dispositivo a cada km²

Por JOSÉ VÍTOR CAMILO / Aline Diniz
Publicado em 20 de julho de 2015 | 15:09
 
 
 
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Começam a funcionar nesta terça em Belo Horizonte 14 novos radares de avanço de sinal vermelho e de excesso de velocidade. Com eles, a cidade soma 193 equipamentos, que fiscalizam ainda invasão de faixa exclusiva para ônibus e circulação de caminhões. Até o fim do ano, a estimativa da Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans) é que esse número quase dobre, chegando a 382. A média, que hoje é de 1,7 dispositivo por km², passaria para 0,86. Polêmica, a instalação dos radares divide até mesmo especialistas. A reportagem ouviu três analistas. e, enquanto dois acreditam que a medida é eficaz para o fluxo e segurança do trânsito, o outro a vê como uma muleta para corrigir falhas de planejamento.

Os equipamentos que começam a funcionar nesta terça estão em quatro importantes avenidas de Belo Horizonte – Pedro II, Antônio Carlos, Carlos Luz e Cristiano Machado. Para o engenheiro especialista em transportes e trânsito Márcio Aguiar, os radares são importantes para não haver erros na fiscalização e assim permitir a repressão e educação dos infratores. “E nossas multas não são caras. Em outros países, quando o motorista provoca um acidente, ele arca com todos os prejuízos. Famílias podem ir à falência por causa de um acidente”, afirma. A multa para excesso de velocidade varia entre R$ 85,13 e R$ 574,62; a de avanço de sinal custa R$ 191,54.

Consultor e especialista em trânsito, Silvestre Andrade assegura que os motoristas brasileiros ainda precisam ser “controlados” e que a fiscalização por meio da tecnologia ajuda a aumentar a fluidez do trânsito. “A maioria dos acidentes graves acontece após uma infração de trânsito, como excesso de velocidade e avanço de semáforo vermelho. O radar está controlando o que foi especificado. Quando o acidente acontece após um radar, com a velocidade mais baixa, os danos são menores”, pontua.

No caso de avanço de sinal, o número de multas caiu na comparação de 2013 com o ano passado. O índice passou de 140.136 para 48.555 – 2,8 vezes menos. No excesso de velocidade, ele subiu de 439.693 para 464.950 – 5,7% de aumento.

Conforme Andrade, os dados mostram que os motoristas estão sendo condicionados a respeitar a sinalização. Aguiar concorda. Segundo ele, as multas fizeram as pessoas ficarem “mais atentas”.

Paradoxo. O motorista de transporte universitário Felipe Simão, 27, vê muita imprudência no trânsito e concorda que os condutores de maneira geral só aprendem quando mexe no bolso.

Simão reclama que, em alguns casos, os radares prejudicam a fluidez no trânsito. “Em algumas vias, como Carlos Luz e Pedro II, o trânsito é muito agarrado, por isso eu discordo da implantação de radares. E ainda tem uma pista só para ônibus. Duas pistas para o tráfego de veículos é pouco”, disse.

Em acidentes

Mortes
. Em 2013, a capital teve taxa de 1,08 morte a cada 10 mil veículos. Em 2012, era de 1,20. Em 1999, um ano após a capital ganhar seu primeiro radar, foi de 5,98. A frota de BH quase duplicou de 2000 a 2012.

Equipamento causa curiosidade

Um vídeo que mostra um carro com um suposto radar móvel circulou nesta segunda em redes sociais e aguçou a curiosidade de motoristas. A BHTrans informou que não faz uso do equipamento. Proprietária do carro, a Rodo Transporte – agência de turismo e locadora de veículos – informou que fazia estudo para a melhoria do tráfego.

Radar é usado para corrigir falhas, diz analista

Contrário ao incremento na fiscalização, o engenheiro especialista em trânsito Dimas Gazolla argumenta que os radares são usados em Belo Horizonte para corrigir erros em projetos. “A Linha Verde, por exemplo, foi feita para que o motorista pudesse trafegar a 90 km/h. Como a via está em área urbana, eles começaram a colocar radar para controlar a velocidade”, exemplifica. Ele defende que os equipamentos sejam instalados apenas em pontos específicos, que realmente apresentem “potencial de acidentes”.

A BHTrans, por outro lado, informa que os equipamentos são instalados apenas após análise de critérios como o número de batidas com vítimas e o fluxo de pedestres. A autarquia garante ainda que o objetivo da implantação de radares é sempre a redução do número de acidentes.

Veja a lista de todos os radares

Excesso de velocidade: 

- Avenida Presidente Antônio Carlos, nº 561, sentido Bairro / Centro

- Dois na avenida Presidente Antônio Carlos esquina com rua Adalberto Ferraz, sentido Centro / Bairro

- Avenida Presidente Carlos Luz, nº 4.845, sentido Bairro / Centro

- Avenida Cristiano Machado, nº 1.714, sentido Centro / Bairro

- Av. Dom Pedro I, oposto ao nº 1.680, sentido Bairro / Centro

Avanço de sinal: 

- Avenida Dom Pedro II, esquina com rua Antônio Peixoto Guimarães, sentido Centro / Bairro

- Dois na avenida Presidente Antônio Carlos, oposto ao nº 1.089, sentido Centro / Bairro

- Avenida Dom Pedro II, esquina com Rua Espinosa, sentido Centro / Bairro

- Avenida Cristiano Machado, nº 3.411, sentido Bairro / Centro

- Avenida Cristiano Machado, esquina com rua Felipe Melo, sentido Centro / Bairro

- Avenida Dom Pedro II, esquina com rua Espinosa, sentido Bairro / Centro

- Avenida Dom Pedro II, nº 3.527, sentido Bairro / Centro

Redução nos acidentes

Por fim, a empresa afirma que a fiscalização eletrônica é o meio mais eficaz e confiável para redução do número de acidentes e de seu grau de severidade, promovendo a segurança no trânsito, 24 horas do dia, nos 365 dias do ano.

A utilização destes dispositivos conjuntamente com outras ações, produziu resultados bastante satisfatórios em relação a acidentes de trânsito, com dados estatísticos no ano de 2013 registrando 1,08 mortes para cada 10.000 veículos no município de Belo Horizonte. Em 1.999, ano anterior à instalação dos radares no município, a média verificada foi de 5,98 mortes para cada 10.000 veículos.

O número de mortos para cara mil acidente também caiu de 2000 para 2013, passando de 25,88 para 12,02 mortos. O mesmo ocorreu com a taxa de atropelamento para cada 10.000 veículos, que passou de 61,02 em 2000 para 14,36 depois de 13 anos.

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