Os sete erros

Rede desconexa e sem padrão é entrave para as ciclovias em BH

Especialista que é referência na América Latina aponta problemas das faixas na capital

Por bernardo miranda / larissa arantes
Publicado em 08 de novembro de 2013 | 03:00
 
 
 
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Faixa da esquerda, faixa da direita, sentido único, mão dupla. Todas essa variações de circulação são encontradas em diferentes ciclovias de Belo Horizonte e revelam uma falta de padronização no sistema, o que dificulta a orientação tanto para pedestres quanto para motoristas. É essa também a principal crítica do consultor mexicano em mobilidade e espaço público Jesús Sánchez Romero, autor do Manual Integrado de Mobilidade Ciclista, estudo que é referência na área na América Latina. Ele ainda elencou sete principais problemas das faixas da cidade.


O consultor veio até a capital na última semana a convite da Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans), onde ministrou um curso para técnicos na área. Ele ainda orientou que haja um replanejamento do modelo de expansão das faixas. “É essencial haver uma discussão entre os órgãos de trânsito, a secretaria de obras e os ciclistas para a criação de um padrão. Isso é fundamental para que o belo-horizontino crie uma cultura de uso da bicicleta e de respeito ao ciclista”, sugeriu.

Os modelos adotados na capital e criticados pelo mexicano vão desde a cor usada na pintura do asfalto entre cruzamentos até o uso de ciclovias na faixa de esquerda. “Não recomendo a destinação do espaço à esquerda dos motoristas. E o problema é ainda maior quando não há padronização. O motorista nunca sabe se o ciclista estará na esquerda ou direita. Se ele tem a certeza de que as ciclovias serão sempre pela direita, vai sempre redobrar atenção nas conversões para esse lado”, argumentou Jesus Romero, responsável pela implantação de ciclovias nas cidades do México.

Augusto Schmidt, membro da Associação dos Ciclistas Urbanos de Belo Horizonte (BH em Ciclo), acompanhou o curso e espera que a vinda do especialista sirva para que haja uma mudança no rumo de implantação de ciclovias na cidade. “Vamos agora atuar em duas frentes para tentar sensibilizar a prefeitura a fazer as alterações. Primeiro, insistir para a criação de um padrão.

Depois queremos rever a lógica de expansão da rede de ciclovias de Belo Horizonte”, explicou.
Segundo Schmidt, as pistas exclusivas não são interligadas de maneira eficiente. Ele defende a criação de uma rede para que o ciclista possa andar por pelo menos 10 km sem precisar sair da ciclovia. “Hoje, são feitos trechos isolados”, ponderou.

Reflexão. A coordenadora do projeto Pedala BH e assessora da presidência da BHTrans, Eveline Trevisan, explica que a autarquia está em um momento de reflexão sobre o sistema cicloviário da capital. “Estamos buscando qual o melhor padrão”, afirmou. Ela completa destacando a postura adotada pela empresa, de pensar no trabalho conjunto a ser feito com motoristas e pedestres.

Eveline ainda anunciou uma iniciativa da BHTrans. “Vamos montar um grande grupo de trabalho entre ciclistas e poder público para fazer essa reavaliação da rede cicloviária, além das reuniões periódicas que já estão ocorrendo”, destacou.

 

Lista

Veja o que diz a BHTrans sobre os principais problemas apontados:

A construção das ciclovias na pista da esquerda. Elas são necessárias porque do lado direito existem muitas intervenções, como pontos de ônibus.

Necessidade de pistas de mão única. Cada via tem sua especificidade. Na Pampulha, por exemplo, os ciclistas de alta velocidade pediram a mão dupla.

Cores no asfalto. A autarquia estuda mudar as cores depois da indicação do especialista, em especial para garantir a segurança dos ciclistas no período noturno.

Invasão de faixas por motociclistas e motoristas de carro. A BHTrans admite que é necessário investir em campanhas educativas.

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