Hospitais

Regionais minimizariam crise

Das 12 unidades prometidas, apenas uma está pronta; três sequer contam com recursos para obras

Por Bernardo Miranda
Publicado em 04 de julho de 2015 | 03:00
 
 
 
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A suspensão de marcação de cirurgias eletivas (agendadas) em Belo Horizonte para pacientes do interior e a redução em nível estadual poderiam ter um impacto muito menor se os hospitais regionais já estivessem funcionando. Das 12 unidades previstas e que já deveriam estar em operação, apenas a de Uberlândia, no Triângulo, está de portas abertas. Outras oito estão em obras e três ainda aguardam recursos para começar a sair do papel. A próxima inauguração não acontecerá antes de 2016.

Desde a última quarta-feira, a capital suspendeu a marcação das cirurgias para quem não mora na cidade. Já o Estado reduziu em 60% os recursos destinados a cirurgias eletivas. Hoje, 41% desses procedimentos realizados em Belo Horizonte são para atender a demanda do interior. Das 20.095 eletivas realizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) na cidade de janeiro a abril, 8.304 foram em pacientes que moram fora. Para o presidente do Conselho Municipal de Saúde da capital, Wilton Rodrigues, se os hospitais regionais já estivessem funcionando, grande parte dessa demanda seria atendida em outras cidades, descentralizando o atendimento e o repasse de recursos.

“A grande esperança é a inauguração desses hospitais regionais. Seria a salvação da lavoura. Nós chegamos a 1.024 leitos exclusivos do SUS na Santa Casa. É uma ótima estrutura para Belo Horizonte, só que 52% desses leitos estão ocupados por pessoas do interior”.

Cronograma. Das oito regionais em obras, o mais perto da conclusão é o de Uberaba, também no Triângulo – ele está com 90% das intervenções prontas. Em seguida aparece o hospital de Conselheiro Lafaiete, na região Central, com 83%, e o de Divinópolis, no Centro-Oeste, com 81% das obras concluídas.

As situações mais complicadas são as de Montes Claros, no Norte de Minas, Novo Cruzeiro, no Vale do Jequitinhonha, e Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri. Nesses três casos, as obras nem começaram, e o Estado ainda não tem os R$ 206 milhões estimados para viabilizar as construções.

Enquanto os regionais não viram realidade, os pacientes continuam na dependência de longas viagens até para procedimentos simples. O aposentado José Lino, 78, teve que percorrer 200 km, enfrentar mais de quatro horas de viagem e mesmo assim perdeu a operação de catarata. “Saí no início da madrugada, mas pegamos trânsito e cheguei atrasado. Perdi a cirurgia e fiquei com medo de não remarcarem porque não sou de Belo Horizonte, mas eles entenderam minha situação. Porém, marcaram só para outubro”, ponderou.

O que é?

Eletivas.
As cirurgias eletivas são procedimentos mais simples, que não precisam ser realizados com urgência. Cirurgias de catarata e de hérnia de disco são alguns exemplos.

Saiba mais
Financiamento
. O motivo da suspensão das cirurgias eletivas na capital e no Estado foi a redução no repasse de verbas para cirurgias eletivas por parte do Ministério da Saúde. O limite que será pago agora é de, no máximo, 100% a mais do que prevê a tabela do SUS. Em Belo Horizonte, para encontrar médicos interessados em fazer o procedimento, esse valor médio está 218% acima da tabela do SUS.

Resposta. O Ministério da Saúde informou que irá publicar, em breve, portaria estabelecendo nova forma de financiamento de cirurgias eletivas.

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