NA BARRAGEM FUNDÃO

Risco de deslizamento de 20 milhões de m³ de rejeitos é iminente

A constatação é dos deputados que integram a Comissão Extraordinária de Barragens da ALMG que estiveram no Complexo de Germano, em Mariana, nesta sexta

Por DANILO EMERICH
Publicado em 29 de janeiro de 2016 | 16:35
 
 
 
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O risco de um deslizamento de cerca de 20 milhões de metros cúbicos de rejeitos e lama na barragem de Fundão, da Samarco, em Mariana, na região Central do Estado, é real, iminente e provável. Essa foi a constatação de deputados que integram a Comissão Extraordinária de Barragens, da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), que visitaram nesta sexta-feira (29) o Complexo de Germano.

Segundo o presidente da comissão, deputado estadual Agostinho Patrus Filho (PV), a lama que se deslocou na barragem de Fundão, na última quarta-feira, totalizando cerca de 1 milhão de metros cúbicos de rejeitos, ainda se move e chegou à barragem de Santarém. Em função do movimento, o dique de Sela, dentro da estrutura, está comprometido.

"A lama que cedeu era utilizada para a sustentação do dique de Sela, que agora está descoberto é muito íngreme, sem material no pé da estrutura, isso gera uma mudança no prognóstico de recuperação", disse Agostinho.

O deputado ainda os rejeitos remanescentes no local estão sem compactação e, com a chuva, o material fica líquido e mais fácil de correr. Ele diz que novos deslizamentos iguais ou piores que na última quarta são iminentes e prováveis.

"Podemos dividir o local em duas partes, uma que a empresa conseguiu intervir e garantir a segurança e outro onde o rejeito foi depositado e está sem controle. Em caso de novo deslizamento não há capacidade de conter o material", informou o presidente da comissão.

Agostinho Patrus acrescenta que é difícil avaliar o risco. A estimativa é que dos 60 milhões de metros cúbicos no local, cerca de um terço corre perigo de se deslocar, mas não há como mensurar se a lama seria carreado inteira ou fracionada. "Há partes que a Samarco não consegue chegar perto. Foi tentado máquinas operadas por controle remoto, mas tudo está em colapso. O problema é pior com a chuva", afirmou.

O deputado ainda confirmou que a lama de rejeitos continua a correr até o rio Gualaxo e chegando ao rio Doce, prolongando a poluição de toda a bacia até a foz, no Espírito Santo.

Para os deputados, o foco agora é garantir a segurança e estabilidade da estrutura existentes e evitar novos deslizamentos. A documentação sobre a segurança do local foi solicitada e também a reavaliação das medidas emergenciais. Ainda não há uma dimensão dos impactos ambientais causados pela tragédia.

Representantes da Polícia Civil e do Ministério Publico também acompanharam a visita, mas não falaram com a imprensa.

Agenda

Segundo o relator da comissão,deputado Rogério Correia (PT), os parlamentares voltam na próxima segunda-feira à Mariana para visitar as comunidades atingidas, como Bento Rodrigues e Paracatu.

No dia 16 de fevereiro também está agendada uma audiência pública na ALMG com o delegado responsável pelo inquérito da Polícia Civil, delegado Rodrigo Bustamarte, sobre o andamento das investigações. A Polícia Federal também foi convidada para a reunião.

Samarco diz que movimentação já era esperada

Em nota, a Samarco informou que "movimentações, como a que ocorreu na quarta-feira, já eram esperadas devido ao volume de massa remanescente na barragem de Fundão e a quantidade de chuva registrada neste período, muito superior à média histórica". 

De acordo com a mineradora, a construção dos diques de contenção de sedimentos abaixo da barragem de Santarém, iniciadas logo após o acidente, já contemplava este tipo de ocorrência.

"Movimentações de lama como a ocorrida na quarta-feira não impactam a barragem principal de Germano, cuja estrutura está estável. Já em relação à Santarém, desde o acidente com a barragem de Fundão essa estrutura tem recebido obras de reforço e sua situação é de estabilidade", diz o comunicado.

Atualizada às 21h53, de 30 de janeiro de 2016.

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