Lei

'São egoístas', diz motorista de ônibus agredido em BH por cobrar uso de máscara

Passageira teria ficado indignada por condutor não ter deixado seus amigos entrarem no coletivo

Por Gabriel Moraes e Isabella Melano
Publicado em 21 de julho de 2020 | 20:15
 
 
 
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Oficialmente, desde o dia 22 de abril é obrigatório o uso de máscaras em Belo Horizonte, como forma de prevenção ao coronavírus. No entanto, ainda há muita gente que não respeita tal regulamentação, colocando em risco a própria saúde e das outras pessoas. Prova disso foi a situação que passou o motorista de ônibus Renato Evangelista dos Santos, de 46 anos, agredido por uma passageira por cobrar a utilização do equipamento.

O caso aconteceu há cerca de um mês, no bairro São Gabriel, região Nordeste da capital. "Eu estava fazendo o itinerário, e assim que eu vi o ponto tinham dois rapazes e uma moça, todos sem máscara. Não abri a porta e questionei sobre ela, mas eles falaram que não tinham a máscara, que iam comprar", contou.

Depois disso, Renato continuou a viagem, no entanto, o condutor não encontrou problema do lado de fora do ônibus, mas sim, dentro dele. "Eu estava ali perto do Anel, e estava concentrado em entrar na rodovia, e escutei uns comentários mais inflamados, que eu era 'puxa-saco', que eu era 'baba-ovo' de empresa, que eu estava 'tirando' eles. Eu acho que essas pessoas eram colegas dos que queriam entrar no ônibus, mas fiquei calado para não render assunto", disse.

"Chagando na estação, tem um ponto em frente, mas eles queriam descer no semáforo, e eu falei que não podia abrir ali, pois só podia abrir no ponto. Quando eu parei, dois rapazes desceram, mas uma moça desceu por último, e de repente ela acertou um tapa no meu rosto. Fiquei meio assustado, meio sem saber o que fazer. Tinha uma moça, que tentou me acalmar, e continuei, segui viagem", completa.

O motorista, que não quis revelar o número da linha que estava trabalhando no dia com medo de represálias, resolveu não registrar boletim de ocorrência, pois, segundo ele, teria que interromper a viagem e dispensar os passageiros, causando transtornos a eles e à empresa. Ele trabalha na profissão há cerca de 17 anos, e considerou a situação como "inédita".

"Egoístas"

Santos considerou o episódio como lamentável, já que o uso de máscaras é uma questão de saúde pública, ainda mais em época de pandemia. "É complicado, porque nos dias de hoje a pessoa não ter consciência que a pandemia é uma coisa muito séria, pois o vírus é sério, que não só eles correm o risco de levar essa doença para dentro da casa deles. Além disso, pode transmitir para mim", avaliou.

Ele também contou que ficou indignado pois tem pessoas de seu convívio que estão no grupo de risco. "Eu tenho uma mãe de 65 anos que é do grupo de risco. Eu tenho três filhos pequenos. Não só eu, mas outras pessoas vão levar o vírus para casa, transmitir para outros familiares porque algumas não querem entender a gravidade da situação ou por falta de informação. São egoístas.", concluiu.

Respostas

Procurada, a São Dimas Transportes, empresa responsável pelo ônibus que a vítima trabalhava no dia do ocorrido, informou que a orientação é para os motoristas não proibirem a entrada de pessoas sem máscara e, em caso de insistência, eles podem acionar a Guarda Municipal ou a Polícia Militar para intervir.

Em nota, o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (SetraBH) explicou que desde maio segue a determinação do decreto da prefeitura que torna obrigatório o uso de máscaras de proteção pelos passageiros durante as viagens. "Adesivos com aviso foram afixados nas entradas dos ônibus. Em caso de desobediência do passageiro, o profissional foi orientado a não intervir e acionar as forças de segurança, Guarda Municipal e Polícia Militar, para tomar as providências", informou.

Atualmente, é lei usar máscara em locais públicos e dentros dos transportes coletivos em Belo Horizonte. Caso o cidadão não respeite, ele está sujeito a uma multa de R$ 100.

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