A desativação do Aeroporto Carlos Prates, na Região Noroeste de Belo Horizonte, marcada para o dia 1º de abril, está provocando incertezas e preocupando grupos de pessoas  Neste sábado (25), empresários, funcionários do local, pilotos, alunos e amantes das práticas aéreas fizeram uma manifestação pela continuidade do aeroporto. 

De acordo com a Associação Voa Prates, que representa concessionários, usuários e dependentes do aeroporto, caso a decisão pelo fechamento seja mantida, 500 pessoas poderão ficar desempregadas, 15 empresas deixarão de existir, cinco escolas vão interromper suas aulas e centenas de alunos não poderão retomar seus estudos.   

“A gente está reunindo pessoas aqui hoje que estão desesperadas, sem saber o que fazer. Só se fala em fechar, mas não nos dão uma opção ou saída. O aeroporto Carlos Prates é muito mais que aviões voando. É um lugar de oportunidades,” destaca Estevan Velasquez, presidente da Associação Voa Prates. 

Estevan ressalta que a associação busca diálogo, mas que fará o possível para que seja escutada. “Se precisar a gente fecha a Pampulha de novo, como em 2021, ou fecha Confins. Não queremos atrapalhar ninguém, só queremos ser ouvidos. Se a preocupação é com o número de acidentes, as autoridades deveriam estar cuidando do Anel Rodoviário, por exemplo, e não de um local seguro como o aeroporto” enfatiza o presidente. 

Ronaldo dos Santos, de 65 anos, é um dos mecânicos que perdeu o emprego, com a desativação do aeroporto. “Comecei aqui lavando aeronaves, varrendo hangares e hoje vejo esse fechamento com muita tristeza. Agora não consigo planejar nada, e fico sem perspectiva sobre o meu futuro. Fechar isso aqui será abandonar várias pessoas,” declara. 

Cyntia Lancia, de 36 anos, mora no bairro Carlos Prates há 26 anos. Ela, ao contrário de outros residentes da região, não apoia a desativação do aeroporto. “Eu e outros moradores estamos com medo, porque querendo ou não, o aeroporto nos traz uma segurança. Também questionamos a desvalorização dos imóveis. Fora que a gente ainda teme invasões aqui, ou que se transforme num ponto de drogas,” enfatizou.

O aeroporto 

O Aeroporto Carlos Prates é o segundo maior centro de formação de aviadores do Brasil, e o segundo mais movimentado de Minas. O local possui 22 hangares, conta 15 empresas e cinco escolas de aviação. Segundo a Associação Voa Prates, em 80 anos apenas cinco acidentes envolveram a vizinhança. Em apenas dois houve vítimas em solo, ou seja, pessoas atingidas fora da aeronave, além de tripulantes e passageiros. Desses dois acidentes, foram quatro mortos, incluindo o acidente do dia 11 de março.