Servidores estaduais da educação fecharam os dois sentidos da MG-10, na manhã desta quarta-feira (4), em manifestação. O bloqueio acontecia em frente a Cidade Administrativa, no bairro Serra Verde, na região de Venda Nova, em Belo Horizonte. O grupo intercalou e bloqueava uma faixa em cada sentido. A via foi liberada por volta das 16h.
De acordo com a assessoria do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação (Sind-UTE/MG), cerca de 300 educadores participaram da manifestação, que pedia para que o governo abra negociação e protestavam contra o descaso com a área no Estado.
"A manifestação não é só pelo piso salarial, queremos melhorias gerais na educação", afirmou Maria Gonçalves de Souza, 62, de Bocaiuva, no Norte de Minas, que, aposentada há dois anos, vê a escola onde trabalhou funcionar sem telhado.
O grupo afirmava que só desocuparia a rodovia se fossem recebidos por representantes do Governo. Como eles conseguiram agendar uma reunião com secretária de Planejamento, Renata Vilhena, aceitaram desocupar a via. A categoria agora segue para o pátio da Assembleia Legislativa de Minas Gerais onde fará uma nova assembleia. São aguardados cerca de 1.500 servidores, segundo sindicato.
Segundo o capitão Cláudio Matos, da Polícia Militar Rodoviária (PMRv), no sentido Vespasiano, o trânsito chegou a seis quilômetros de congestionamento, alcançando a avenida Cristiano Machado. No sentido Belo Horizonte, o trânsito fluía bem e foi liberado por volta das 13h.
Houve confusão entre policiais, professores e motoristas, devido o efeito da manifestação no trânsito. Alguns condutores tentaram rasgar faixas e um policial acabou se desentendo com um manifestante. Além de empurrá-lo, jogou spray de pimenta no rosto dele. O professor de 45 anos foi encaminha para Instituto Médico Legal (IML) da capital para fazer exame de corpo de delito.
Quem estava indo para o aeroporto de Confins teve que se virar para não perder o voo. Esse foi o caso da consultora Márcia Denise, 49, que tinha voo marcado para às 12h e trocou de táxi para chegar ao destino. "Eu estava em um táxi e o taxista ligou para um colega. Eu desci e vou correndo para o próximo carro, que está a frente do congestionamento", relatou.
Resposta
Por meio de nota, a assessoria de comunicação da Secretaria de Estado de Educação (SEE), informou que o Governo de Minas jamais se fechou ao diálogo com as entidades representativas dos servidores da educação.
No dia 27 de maio, por exemplo, aconteceu a quarta reunião deste ano do Comitê de Negociação Sindical (Cones), que envolve entidades representativas de servidores do Estado em diversas áreas. Esta reunião contou com a presença do Sind-UTE. Este ano já foram realizados outras três reuniões nos meses de fevereiro, março e abril. Em 2013, foram realizadas sete reuniões e, em 2012, 12.
A secretaria reitera que as principais reivindicações apresentadas pela entidade não estão de acordo com a realidade da educação mineira. Segundo a nota, Minas Gerais paga, desde 2011, um valor bastante superior ao estabelecido pelo Ministério da Educação. Atualmente, o salário inicial pago a um professor com licenciatura plena seria de R$1.455,30 para uma jornada de 24 horas semanais. Esse valor estaria, proporcionalmente, 42,93% acima do estabelecido pelo MEC para uma jornada de 40 horas semanais. O piso nacional para 40 horas semanais é de R$1.697,39 e para uma jornada de 24 horas, que é adotada em Minas, seria de R$1.018,43.
O governo também argumenta que, em outubro do ano passado, foi concedido um aumento de 5% a todas as carreiras da Educação Básica da rede estadual. Em 2010, a folha era de R$ 6,2 bilhões em 2010 e em 2014 a previsão é de que a folha chegue a R$10,9 bilhões.
"O Governo de Minas investe de forma maciça na infraestrutura escolar em toda a rede estadual", diz o comunicado. Entre 2010 e 2013, teriam sido mais de R$ 1,077 bilhão liberados para a melhoria da rede física das escolas. Os recursos foram destinados para as construções de novas unidades escolares, reformas, intervenções, reparos, aquisição de mobiliário e equipamentos. Atualmente, existem mais de 1.500 obras gerenciadas pelas próprias escolas, totalizando investimentos de mais de R$ 380 milhões. Mais de 580 obras de engenharia foram concluídas em 2013, com recursos que somam mais de R$123 milhões.
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Atualizada às 17h10