Saúde

Setembro dourado: câncer infantojuvenil acomete 12 mil por ano

Diagnóstico precoce da doença leva a cura a maioria dos pacientes

Por Letícia Fontes
Publicado em 02 de setembro de 2019 | 16:56
 
 
 
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"Seu filho está com câncer". Essa não é uma notícia fácil de receber. Inesperada e angustiante, infelizmente, essa será a realidade de mais de 12 mil famílias brasileiras que precisarão lidar com o diagnóstico de câncer infantojuvenil em 2019, segundo uma estimativa feita pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca). 

No ano passado, Solange da Silva, 44, nem pensava em sair de Congonhas do Norte, no Vale do Jequitinhonha, para conhecer Belo Horizonte. Mas foi obrigada a ir para a capital sem planejar, sem conhecer ninguém e com uma grande preocupação: tratar o câncer da filha Eliana, 6. Durante oito meses, a doméstica precisou contar com o apoio de amigos, familiares e até desconhecidos. Eliana foi diagnosticada com leucemia.“Sou mãe solteira, tenho mais seis filhos. Tive que largar tudo e vir para cá. Deixei os meninos com  minha mãe. Vi minha vida parar e sem saber como bancar o tratamento, sem dinheiro". 

Aos 3 anos, Késia mora em Vespasiano, na região metropolitana, e também chegou a Belo Horizonte para se tratar contra a leucemia. Sorridente, brincalhona e cheia de coragem, a pequena tinha um medo. "Ela me perguntava se ia morrer. Pedi para ela nunca mais falar isso. Ela foi a filha que Deus me deu. A gente tira forças não sabe de onde", conta a mãe, Janete Correia, 40. 

Para contar histórias como a de Eliana e Késia e chamar a atenção para os sinais, os sintomas e o tratamento do câncer infantil no Brasil, o mês de setembro foi batizado de Setembro Dourado, iniciativa de entidades como a Confederação Nacional de Instituições de Apoio e Assistência à Criança e ao Adolescente com Câncer (Coniacc), a Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica (Sobope), hospitais e casas de apoio.

Hoje, Eliana e Késia estão curadas, fazem apenas acompanhamento. Mas os sintomas começaram como uma reclamação que poderia parecer normal. As pequenas se queixavam de dores de cabeça e dores na perna. "Já a tinha levado ao médico, mas ninguém sabia o que era. Só descobri, porque minha irmã resolveu trazê-la para BH", conta Solange. 

De acordo com o médico da oncologia pediátrica da Santa Casa BH, Joaquim Caetano, fazer o diagnóstico precoce da doença é o maior desafio, já que, quando identificados no início, 70% dos tumores podem ser curados. Mas, como o câncer infantil tem sintomas que podem ser facilmente confundidos com os de outras doenças da infância, muitas vezes o paciente demora a ser encaminhado ao tratamento especializado.

"Por hora, são três famílias que descobrem que seu filho tem uma doença grave. Mas tem cura. As famílias precisam saber que, quando sua criança não está bem, mesmo sem sinais e sintomas, é importante levar para um atendimento médico. A criança, durante todo o seu período de desenvolvimento, precisa do acompanhamento de um pediatra. O médico precisa ter contato com aquela família e aquela criança", explicou. 

Casos

Câncer infantil é o nome dado a um conjunto de doenças que têm em comum a proliferação descontrolada de células anormais e que podem ocorrer em qualquer local do organismo. Ele afeta crianças e adolescentes entre 0 e 19 anos, e os casos representam entre 1% e 3% do total de tumores malignos diagnosticados no país. Os mais comuns são as leucemias, os linfomas e os tumores que atingem o sistema nervoso central.

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