Vale do Aço

Sindicalista que recebia para beneficiar Usiminas é condenado a 7 anos de prisão

Ex-presidente do Sindipa é acusado de manipular acordos e convenções de trabalho em benefício da empresa; caso foi denunciado por nova direção da entidade

Por José Vítor Camilo
Publicado em 29 de novembro de 2023 | 13:37
 
 
 
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Um ex-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Ipatinga e Região (Sindipa) foi condenado a pouco mais de sete anos de prisão por manipular acordos e convenções trabalhistas para beneficiar a Usiminas quando deveria, na verdade, defender os direitos dos trabalhadores. A informação foi divulgada nesta quarta-feira (29 de novembro) pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), responsável por denunciar o ex-sindicalista. 

De acordo com os promotores, para manipular as negociações trabalhistas em prol da empresa, o ex-presidente recebia dinheiro da siderúrgica. Além dele, outras quatro pessoas envolvidas no esquema também foram condenadas a penas que variam de 2 a 7 anos de prisão.

O ex-presidente da entidade foi funcionário da Usiminas e, durante muito tempo, exerceu o cargo de presidente do Sindipa. Após o rompimento da relação empregatícia, o homem então passou a exercer cargo de conselheiro na indústria, representando os trabalhadores.

A partir daí, teve início a fraude, com a manipulação das negociações trabalhistas em troca de "quantias substanciais" em dinheiro que eram pagos aos quatro suspeitos. Para disfarçar os pagamentos ilegais, eram firmados falsos contratos de prestação de serviço entre o sindicato e a Fundação São Francisco Xavier, entidade controlada pela Usiminas.

Os prejuízos causados chegaram a R$ 2,3 milhões, sendo que o ex-presidente do Sindipa teria se apropriado de valores pagos pela Usiminas em 36 ocasiões. As apropriações dos valores ocorriam com o apoio e participação do então diretor financeiro da entidade sindical.

“As práticas ilícitas, há anos cometidas, vieram à tona quando da mudança da diretoria do sindicato, em 2013, oportunidade em que a nova administração constatou diversas irregularidades, muitas das quais já eram objeto de investigações pelo Ministério Público do Trabalho (MPT)”, diz trecho da denúncia apresentada pelos promotores.  

Denúncia partiu de nova direção do sindicato

Procurado nesta quarta-feira (29 de novembro) por O TEMPO, o atual presidente do Sindipa, Geraldo Magela Duarte, destacou que as denúncias foram feitas ao MPMG pela nova direção da entidade sindical, que assumiu em 2013.

"Essa ação do MP surgiu de denúncias que nós fizemos no final de 2013 após auditoria que constatou irregularidades. Inclusive, o imóvel do sindicato era alugado para a fundação da Usiminas, que pagava R$ 70 mil e, quando fomos tomar posse, foi atualizado o valor para R$ 3.500", detalhou Duarte.

Suspeitos não serão presos

Além do ex-presidente e ex-diretor financeiro, os outros dois denunciados pelos crimes atuavam como membros do conselho fiscal do Sindipa. O dever deles era fiscalizar as contas da entidade, porém, conforme apurado pelo MPMG, eles permaneceram "dolosamente inertes" ao não se manifestarem sobre os crimes.

Entretanto, apesar das condenações na Justiça, somente um deles cumprirá a pena em regime semiaberto, enquanto os outros três réus tiveram a pena substituída por prestação de serviços à comunidade e pecuniária.

A Usiminas foi procurada e respondeu, por nota, afirmando apenas que "não irá comentar o tema".

Atualizada às 17h21

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