A Polícia Civil cumpre, nesta quinta-feira (31 de agosto), em Belo Horizonte 20 mandados de busca e apreensão e mais dois de prisão. Os alvos são autores de práticas de violência contra a mulher. A ação faz parte da operação Shamar, lançada em âmbito nacional pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública.

Um dos alvos da operação é um homem de 24 anos suspeito de tentativa de feminicídio. Conforme a Polícia Civil, ele é suspeito de atirar no rosto da namorada, de 21. O crime teria ocorrido no bairro Renascença, região leste de Belo Horizonte. O suspeito está foragido.

O outro procurado é um homem suspeito de praticar violência doméstica contra a própria filha, de 17, e a mãe dela. Segundo a Polícia Civil, o homem agredia mãe e filha fisicamente e as ameaçava de morte. Os crimes teriam ocorrido na região do Barreiro. Diante das agressões, foram expedidas medidas protetivas, mas o suspeito as descumpriu. Por isso, foi expedido o mandado de prisão contra ele. A Polícia Civil não informou quando os crimes teriam ocorrido, uma vez que a operação está em andamento.

A chefe do Departamento Estadual de Investigação, Orientação e Proteção à Família (Defam), Carolina Bechelany, explica que, mais do que uma ação repressiva, a operação Shamar é uma iniciativa de conscientização, tanto da vítima quanto do agressor.

"O mais importante do cumprimento desses mandados é a presença da Polícia Civil na casa desses agressores, desses supostos autores de violência, para demonstrar que existe uma medida protetiva, que ele não pode descumprir e que a Polícia Civil está presente", pontua.

A chefe da Divisão Especializada em Atendimento à Mulher, Idoso, Pessoa com Deficiência e Vítimas de Intolerância (DEMID), delegada Danúbia Quadros, reforça que o machismo contribui muito para atos de violência e argumenta que, até hoje, a mulher é objetificada. "Hoje mesmo, eu ouvi de autores que diziam: 'Se ela estivesse trabalhando, ela não teria tempo para me denunciar. Se usasse esse tipo de roupa, não teria dado causa à violência sofrida'. Então, infelizmente, a gente percebe que até hoje essa cultura misógina é presente nas famílias brasileiras", lamenta.

Danúbia Quadros também ressalta a importância das mulheres sempre denunciarem atos de violência. "É importantíssimo que essa mulher procure ajuda desde a primeira violência, seja qual violência for. Em Belo Horizonte, 90% das mulheres que sofreram violência não pediram medida protetiva. A gente entende que essa medida pode salvar vidas", recomenda.

Ao longo deste mês, contando com as ações desta quinta-feira (31 de agosto), foram cumpridos 36 mandados de busca e apreensão, com duas armas de fogo apreendidas. Também foram expedidos 6 mandados de prisão, com dois suspeitos detidos.

Por que Operação Shamar?

Conforme a Polícia Civil, a operação tem um caráter preventivo e busca fiscalizar o cumprimento de medidas protetivas por parte de autores de violência. Na ação, as mulheres também são conscientizadas sobre seus direitos e orientadas sobre como denunciar a violência. 

Diante disso, a Polícia Civil deu à operação o nome "Shamar", uma palavra em hebraico que significa "cuidar, guardar, proteger, vigiar, zelar".