Terminou nesta segunda-feira (23), após pouco mais de três horas, o primeiro dia de julgamento do caso Backer. Ao todo, foram ouvidas 4 vítimas e 2 testemunhas. Nesta terça (24), mais sete testemunhas de acusação deverão ser ouvidas.
Neste primeiro dia, as vítimas relataram toda a trajetória delas após ingerirem a cerveja da marca, a Belorizontina, contaminada com dietilenoglicol.
A primeira pessoa a dar depoimento foi Giani Cláudia Setto Vieira, uma das vítimas. A participação dela foi por videoconferência.
Giani contou, emocionada, que comprou as cervejas no fim de 2019 e ingeriu o produto em janeiro de 2020. Posteriormente, ela teve episódios de vômito, dores lombares e na região dos rins.
A vítima procurou um médico na cidade dela, em Viçosa, na Zona da Mata. Os exames de sangue deram alterados. Giani precisou ficar internada e passar por hemodiálise.
O segundo depoimento foi de Josias Moreira de Mattos. Ele ainda tem problemas de saúde e sente dificuldades para falar. Por isso, as perguntas foram feitas de modo que ele pudesse responder com “sim” ou “não”. A testemunha confirmou que tomou a cerveja contaminada e que teve problemas decorrentes da ingestão.
A terceira vítima ouvida foi Cristiano Mauro Assis Gomes, que também participou da audiência de modo online. Após ingerir a cerveja contaminada, ele conta que apresentou problemas de saúde e teve de ser submetido a um transplante de rim. O órgão foi doado pela esposa em 2020.
Ainda segundo o depoimento de Cristiano, ele precisa tomar remédios regularmente, o que causa efeitos colaterais. Ainda em tratamento, ele tem restrições de movimentos no rosto e está de licença médica.
Cristiano chegou a ficar internado por 44 dias no CTI.
A quarta testemunha a ser ouvida na audiência do Caso Backer foi Vanderlei de Paula Oliveira. Ele contou que utiliza muletas até hoje, 2 anos após contaminação pela cerveja Belorizontina.
Segundo a testemunha, ele teve parada respiratória e ficou 3 meses no CTI. Depois, precisou permanecer ainda 2 meses na enfermaria. Ao voltar para casa, teve de ser conduzido em uma maca e, desde então, usa muletas. Vanderlei passa por hemodiálise 4 vezes por semana.
Outra testemunha ouvida foi um funcionário do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que destacou que foi constatada a contaminação dentro da fábrica. Além disso, ponderou que lotes de cerveja sem relação entre si estavam contaminados.
Relembre o caso
O caso envolvendo a Backer começou a ser investigado em 5 de janeiro de 2020, poucos dias após as primeiras vítimas passarem mal depois de ingerir a cerveja Belorizontina. As investigações confirmaram que as substâncias monoetilenoglicol e dietilenoglicol atingiram litros de cerveja ainda em processo de fermentação.
Segundo a investigação, vazamentos em equipamentos e o uso de substâncias tóxicas que não deveriam ser empregadas causaram a contaminação de diversos lotes de diferentes tipos de cerveja produzidos pela empresa.