ABASTECIMENTO

Tudo que se sabe após adutora se romper em Betim, Grande BH

Adutora do Sistema Serra Azul se rompeu nessa terça (1º/3) e só deve ser totalmente recuperada em seis meses, segundo a Copasa

Publicado em 05 de março de 2022 | 03:00

 
 
Problema com adutora tira o sono de moradores de Betim, Juatuba e Mateus Leme, na Grande BH Problema com adutora tira o sono de moradores de Betim, Juatuba e Mateus Leme, na Grande BH Foto: Rene Descarpontriez
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Solução definitiva só em seis meses. Esse é o prazo da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) para resolver a dor de cabeça vivida por moradores de Betim, Mateus Leme e Juatuba, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, que tiveram o abastecimento de água comprometido nos últimos dias por conta do rompimento de uma adutora do Sistema Serra Azul.

Como paliativo, a Copasa informou que em 20 dias consegue realizar uma intervenção emergencial no local. E pediu à população “uso racional” da água para evitar maiores problemas. Nessa sexta (4/3), Betim decretou situação de emergência por conta do problema.

O rompimento da adutora aconteceu na última terça. Em Juatuba e Mateus Leme, a Copasa informa que o abastecimento já foi retomado. Até as 22h45 desta sexta-feira (4), segundo a Copasa, os bairros de Betim onde ainda faltava água eram Estância Terra Rica, Flores e Florestas, Gentileza, Granjas Califórnia Reunidas, Marimbá, Pimentas, Pingo D'água, Santo Afonso I e II e Vianópolis. 

A ideia da empresa pública é deslocar água do Sistema Rio Manso e caminhões-pipa para abastecer os reservatórios antes dependentes da estrutura danificada. 

A adutora atravessava o rio Paraopeba entre Juatuba e Betim. A nova tubulação a ser implementada tem diâmetro e vazão de água menor. Diante disso, a companhia pediu para a população fazer uso racional da água para não sobrecarregar todo o sistema.

"É importante fazer o uso racional da água: banho se cinco minutos, fechar a torneira e não lavar o carro. O momento requer isso", afirmou o superintendente da Copasa na Grande BH Sérgio Neves.

Sobre o rompimento da adutora, a Copasa informou que ainda investiga as causas e não descartou algumas hipóteses. Uma delas é que a cheia do rio Paraopeba teria derrubado a adutora.

Outra gira em torno de um incêndio nos arredores da estrutura, que poderia ter danificado o mecanismo de transporte de água.

"As hipóteses são plausíveis", pontuou o diretor de Desenvolvimento Tecnológico, Meio Ambiente e Empreendimentos da Copasa, Ricardo Augusto Simões Campos. 

A reportagem consultou dois engenheiros sanitaristas para verificar possíveis causas do problema. Porém, ambos especialistas disseram que qualquer avaliação depende de uma visita ao local para tirar conclusões. 

Moradores e secretário criticam Copasa

Secretário de Meio Ambiente e Agricultura de Juatuba, Alaécio da Luz Pinto, diz que a falta de água é recorrente na cidade. Ele culpou a Copasa pelo problema.

“O problema é que a Copasa sempre trabalha com paliativos, com ‘jeitinhos’. Uma equipe nossa, da Secretaria de Obras e da Defesa Civil, foi ao local e constatou que tudo ocorreu devido a uma falta de manutenção. Falta de planejamento”, criticou. Segundo ele, 37 mil pessoas de 54 bairros foram afetadas na cidade.

O trabalhador rural José Maria de Carvalho, de 64 anos, mora no Bairro Barro Branco, em Betim. Ele conta os problemas causados por conta do rompimento. “Como eu moro sozinho, eu usei direitinho a água da caixa, mas, se demorar mais dias, aí vou passar dificuldade. A gente tem que rezar para voltar logo”, diz.

Em Juatuba, no Bairro Canaã, Laci Vieira dos Santos, de 44, também conviveu com a falta d'água. “Por três dias, ficamos sem água da Copasa e, por isso, tivemos que economizar a da nossa caixa para as principais necessidades.”

Novo rompimento descartado

Em meio aos problemas no Sistema Serra Azul, houve suspeita de rompimento de outra adutora, essa de 300 milímetros, em Betim. A hipótese era de que a estrutura não havia aguentado a pressão maior por conta do problema inicial. Mas, a Copasa descartou esse novo problema.

Segundo a companhia, houve "um vazamento em uma tubulação na região, que foi sanado pela equipe técnica".

Betim em emergência

A Prefeitura de Betim publicou um decreto ontem de situação de emergência no município por causa do rompimento da adutora da Copasa, que causou o desabastecimento de vários bairros da cidade.

Com isso, o Executivo municipal mobilizou todos os órgãos municipais para atuarem nas ações necessárias pra minimizar os efeitos causados pelo problema. 

No decreto, o município também recomenda à população o consumo racional de água de forma, para evitar a escassez completa dos reservatórios de água indispensáveis aos serviços essenciais.

O prefeito de Betim, Vittorio Medioli (sem partido), fez uma transmissão ao vivo em suas redes sociais recomendando que a população economize água. "Há um colapso no sistema de abastecimento de água. Vários bairros de Betim estão sem água, escolas foram afetadas. Então, estou pedindo a todos que procurem economizar", disse. 

Nessa sexta (4/3), nove unidades escolares da rede municipal de ensino tiveram as aulas suspensas em consequência do desabastecimento.

Além disso, equipamentos públicos de saúde e de assistência social registraram falta de água. Caminhões-pipa garantiram o expediente desses serviços essenciais à população.                                       

Na regional Vianópolis, que faz divisa com Juatuba, 16 bairros não têm fornecimento de água desde a terça, quando a adutora se rompeu. Eles são abastecidos por caminhões-pipa, que enchem os reservatórios.

Na região Central, lojas e escolas também registraram falta de água ao longo da semana, mas a questão foi resolvida, segundo a Copasa.

"A Prefeitura de Betim reafirma que vem mantendo contato permanente com a Copasa para assegurar solução rápida e definitiva para o problema", informou o Executivo em nota.