Dar um grande passo na luta para tratar pessoas com dependência em cocaína e crack. É isso o que representa, para pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), vencer o Prêmio Euro Inovação na Saúde. Ainda em fase de estudos, a vacina terapêutica que promete ajudar a solucionar um dos grandes problemas sociais e de saúde pública da atualidade concorre na categoria Inovação Tecnológica. A premiação reúne importantes iniciativas na área médica de 17 países da América Latina.
O grande vencedor vai levar 500 mil euros, o equivalente a mais de dois millhões e seiscentos mil reais. Com a quantia, conforme o professor do Departamento de Saúde Mental da Faculdade de Medicina e pesquisador responsável, Frederico Garcia, será possível iniciar a fase de estudos clínicos em humanos, cujos gastos são muito altos. A fase pré-clínica, com experiências em animais, já foi concluída. A votação está aberta até o dia 27 de junho. Médicos de todos os países participantes da premiação, entre eles Brasil, Argentina e Uruguai, podem votar no melhor projeto.
“Estamos com essa essa vacina, essa solução para melhorar a vida dos pacientes com dependência, desde 2015. Utilizamos recursos do governo federal, e, agora, o prêmio seria importante para avançarmos no projeto, realizando estudos em seres humanos. Isso envolve gastos altos, como os relacionados à fabricação da vacina em condições para ser utilizada em pessoas, por exemplo, além dos relacionados a seguros, entre outros”, diz Garcia.
Essa é a segunda edição do Prêmio Euro Inovação em Saúde. Entre os projetos que estão concorrendo com o da vacina anticocaína na categoria Inovação Tecnológica estão o capacete de respiração assistida para suporte a pacientes com Covid-19 e um dispositivo de realidade virtual para treinamento cognitivo de vítimas de traumatismo craneoencefálico. Outras categorias presentes no prêmio são “Inovação em Terapias”, “Inovação em Processos Relacionados à Saúde” e “Inovação Social e Sustentabilidade em Saúde”. Além do grande vencedor, haverá outros 11 ganhadores que levarão 50 mil euros, o equivalente a mais de duzentos e sessenta mil reais.
Conforme explica o professor e pesquisador Frederico Garcia, a ideia da vacina surgiu após o contato com o sofrimento dos dependentes de cocaína e crack. De acordo com ele, a solução desenvolvida pela UFMG é hoje a iniciativa mais promissora para combater esse mal.
“Essa vacina terapêutica, quando injetada no paciente com dependência, faz com que ele produza anticorpos anticocaína”, explica Garcia. A vacina age de uma maneira que o usuário deixe de perceber o efeito da droga, segundo o pesquisador, fazendo com que ele tenha uma chance maior de abandonar o uso dos entorpecentes.
Conforme Garcia, os testes em animais já mostraram que a vacina é eficaz. Agora, será a vez de testá-la em humanos para comprovar os seus efeitos benéficos. De acordo com ele, a proteção deverá vir tanto para os usuários das drogas quanto para quem, indiretamente, é vítima dela, como no caso de bebês que ainda estão nas barrigas das mães.
“Também estamos pensando na aplicação materno-fetal. Muitas vezes, as gestantes continuam utilizando drogas, não conseguem parar. Com a vacina, elas vão conseguir proteger seus filhos, além de terem menos complicações obstétricas”, afirma ele. “O Prêmio Euro é a chave para que a gente consiga realizar esse sonho. Então, entre no site premioeuro.com, vote na nossa iniciativa e divulgue para que outros colegas também possam nos ajudar a realizar essa missão”, destaca.
Dar um grande passo na luta para tratar pessoas com dependência em cocaína e crack. É isso o que representa, para pesquisadores da UFMG, vencer o Prêmio Euro. 👇 pic.twitter.com/P7V8HkGjhC
— O Tempo (@otempo) May 16, 2023