Sul de Minas

Veja o que se sabe sobre a tragédia de Capitólio até agora

Dez pessoas morreram após uma rocha se desprender no lago de Furnas e atingir quatro lanchas, no último sábado

Por Natália Oliveira, Lucas Negrisoli e Cinthya Oliveira
Publicado em 10 de janeiro de 2022 | 14:08
 
 
 
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O desprendimento de uma rocha, por volta de 12h30, no último sábado (8), nos cânions do lago de Furnas, em Capitólio, no Sul de Minas Gerais, atingiu quatro lanchas, deixando 10 mortos, sendo que nove pessoas já foram identificadas. Vídeos postados nas redes sociais mostram os momentos em que a rocha começa a se desprender até se soltar.

As vítimas

Os mortos estavam todos na mesma lancha com o escrito Jesus, eram familiares e amigos. Os corpos precisaram ser resgatados pelo Corpo de Bombeiros com embarcações. Além dos mortos, várias pessoas que estavam em outras embarcações ficaram feridas e foram socorridas para hospitais da região. Um total de 34 pessoas foram atingidas, duas ficaram feridas mais graves.

Conheça todos as vítimas da tragédia

O que dizem especialistas

A diretoria executiva da Sociedade Brasileira de Geologia (SBG) emitiu uma nota considerando que a tragédia expõe um problema provocado pela falta de laudos geológicos e geotécnicos para identificar os riscos geológicos de locais a serem visitados por turistas. A SBG “rechaça qualquer tentativa de negar a gravidade dos fatos e de impedir a apuração das responsabilidades por essa tragédia que poderia ter sido evitada”. 

A SBG considerou ainda que as autoridades devem ter mais atenção no período chuvoso. “Fenômenos como inundações, deslizamentos, fluxo de detritos, entre outros, representam um desafio às capacidades dos governos, nas esferas federal, estadual e municipal, para responder antecipadamente, com rapidez e eficácia, aos problemas decorrentes dos seus efeitos a uma determinada região do país”.

Para a SBG, há uma ausência de profissionais qualificados da área de Geociências nas prefeituras para conduzir estudos de avaliação dos lugares turísticos e monitoramento de áreas de riscos. São profissionais que poderiam avaliar restrições de uso e determinar procedimentos de segurança.

“A indicação de obras de contramedidas e o monitoramento geotécnico aliados com a percepção de risco pela população são ações eficazes para mitigar o risco e prevenir desastres”, diz a nota.

Veja vídeo:

 

Investigações

A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) instaurou inquérito para apurar as circunstâncias da tragédia em Capitólio, que, nesse sábado (8), vitimou dez pessoas e deixou outras 34 feridas. A informação foi divulgada pelo delegado Marcos Pimenta, da regional da Delegacia em Passos nesta segunda-feira (10). Conforme o investigador, nove corpos foram identificados “de maneira formal” e estão à disposição dos familiares no Instituto Médico Legal (IML). Os restos mortais da última vítima foram identificados por parentes, mas ainda é necessário completa o procedimento – o que deve ocorrer “em breve”. Todas as vítimas estavam na embarcação “Jesus”, atingida pelo deslocamento da rocha.

“Em relação a uma obra do parque de lazer no cânion ter influenciado deslocamento da rocha, é muito prematuro afirmar qualquer tipo dessas ideias que estão circulando. Entretanto, a Polícia Civil não irá descartar nenhuma hipótese. Mas, com cautela, e a serenidade que o caso impõe, estamos ouvindo na data de hoje [segunda-feira], em três grupos distintos, no núcleo em Piumhi e no núcleo em Alpinópolis. Ambos estão colhendo informações do proprietário da lancha Jesus, que não estava na embarcação quando houve o choque”, pontuou Pimenta.

Testemunhas e pessoas que sofreram ferimentos leves também serão ouvidas pela instituição. O delegado detalhou, ainda, que um geólogo especialista auxilia no inquérito. No primeiro momento, frisou, a Polícia Civil “almeja dar conforto aos familiares” e “celeridade na identificação” da última vítima.

“Está previsto durante esta semana que uma equipe de delegados, investigadores e peritos criminais irem às imediações dos cânions com aeronaves, drones e embarcações. Nossa ideia, nosso objetivo, será estudar o local e averiguar se, nas imediações, também há outras pedras com essas características visando, juntamente com Defesa Civil, Corpo de Bombeiros, Marinha, e outros órgãos de fiscalização, a criação de uma saída para que outras pedras não consigam atingir aquela região, que é uma região rica do turismo e é um presente de Minas”, concluiu.

A Marinha do Brasil também abriu inquérito para investigar o acidente. 

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