Intermunicipais

Viação Gardênia lidera ranking de reclamações contra ônibus de viagem em Minas

Empresa aparece em 1º e 5º lugar no ranking das reclamações justamente com linhas do Sul de Minas, região que teve venda de passagens suspensas após operação

Por José Vítor Camilo
Publicado em 02 de maio de 2024 | 12:25
 
 
 
normal

Com a venda de passagens suspensas para as linhas que ligam Belo Horizonte e o Sul de Minas, após uma operação retirar de circulação 13 de de seus veículos, a viação Expresso Gardênia aparece no topo do ranking das linhas de ônibus de viagem com mais reclamações em 2024. A empresa aparece no 1º e no 5º lugar, com um total de 24 reclamações recebidas somente até o dia 19 de abril. As duas linhas que aparecem na lista são justamente do Sul do Estado.

Segundo os dados divulgados pela Secretaria de Estado de Infraestrutura e Mobilidade de Minas Gerais (Seinfra), entre o dia 1º de janeiro e 19 de abril deste ano, um intervalo de 109 dias, foram recebidas 300 reclamações de irregularidades encontradas por passageiros em ônibus de viagens intermunicipais. O número dá o equivalente a quase três denúncias por dia.

Entre as principais reclamações recebidas neste ano estão o descumprimento de quadro de horários (89); conservação, conforto e higiene (60); defeito mecânico (36); e superlotação (13).

A suspensão da venda das passagens para o Sul de Minas ocorreu após uma operação tirar de circulação treze veículos da empresa, na última terça-feira (30 de abril). As linhas estão sendo atendidas por outras empresas até que a viação solucione os problemas constatados pela fiscalização.

A operação "Ponto Final" foi promovida pelo governo de Minas, por meio da Secretaria de Estado de Infraestrutura, Mobilidade e Parcerias (Seinfra) e do Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER-MG). Foram fiscalizados veículos da empresa, de forma simultânea, na Rodoviária de BH e, também, no terminal de Pouso Alegre, um dos municípios atendidos pela Gardênia.

Confira o ranking das empresas com mais reclamações em Minas em 2024:

 1º - Gardênia   Belo Horizonte - Poços de Caldas   17
  2º - Cia Atual Trans.   Belo Horizonte - Juiz de Fora   11
  3º - Pássaro Verde   Belo Horizonte - Ouro Preto   11
  4º - Sete Lagoano   Belo Horizonte - Sete Lagoas    7
  5º - Gardênia   Belo Horizonte - Alfenas via Varginha    7

Por nota, a Gardênia alegou que, com a suspensão temporária das linhas da empresa e a proibição da venda de passagens, "a Seinfra, além de prejudicar os usuários também não está visando a recuperação da empresa, tendo em vista que para promover a manutenção dos veiculos e consequentemente a retomada da operação, será necessário recurso financeiro que foi retirado de forma abrupta".

Em seguida, e viação argumentou que parte dos problemas enfrentados pela empresa seria consequência da "má conservação das estradas", que vem causando desgastes e quebra dos veículos. "Além de diversas linhas sociais altamente deficitárias em face da inexistência de passageiros, e que mesmo assim, a empresa está obrigada a operar, sem que houvesse, até o momento, a realização do necessário equilíbrio econômico financeiro do contrato", completou.

Usuários denunciam más condições dos veículos

Após a publicação das reportagens acerca da operação que tirou linhas de circulação da viação Gardênia, nas redes sociais diversos usuários reclamaram, principalmente, da situação dos veículos da empresa que, constantemente, estariam quebrando por falta de manutenção.

"Tinha que retirar todas as linhas de ônibus dessa empresa e repassar para outra. Todos os ônibus estão em péssimo estado de conservação e vivem quebrando. Dá medo de utilizar essa empresa quando preciso ir de Campanha para Varginha, ou quando venho de Pouso Alegre para Campanha. Já fiquei no meio do caminho algumas vezes", escreveu um morador da região.

"É uma vergonha, um descaso com a população. No guichê, onde deveriam nos informar e orientar, são mal educados e mentem na cara dura. Não julgo, pois uma empresa lixo dessa os funcionários devem se cansar mesmo", escreveu uma outra usuária dos ônibus da Gardênia.

A veterinária Isabela Pereira Lanza, de 37 anos, é outra usuária deste tipo de transporte que não poupa críticas. Moradora de Sete Lagoas, mas vai quase todos os dias para a capital mineira para trabalhar, utilizando diariamente os veículos da empresa Setelagoano. 

"Utilizo essa linha há anos e acho péssima. Primeiro pelo preço, que é de R$ 31 para uma distância relativamente pequena, já que a cidade está no chamado cinturão metropolitano. E, apesar disso, são vários ônibus em condições precárias e a solução que encontraram para isso foi comprar esses micro-ônibus, que são bastante apertados, mas o preço da passagem é o mesmo", reclama. 

Ainda conforme a usuária, constantemente também são encontrados veículos com problemas no ar-condicionado, cadeiras quebradas e, até mesmo, cintos de segurança que não funcionam. "É um ônibus que sai de 20 em 20 minutos, e sempre cheio, mas não oferecem um serviço à altura da importância da linha", completa Isabela. 

A reportagem de O TEMPO procurou todas as empresas citadas na lista da Seinfra, mas, até o momento, somente a Gardênia se posicionou.

Sindicato lamenta transtornos

Procurado pela reportagem de O TEMPO, o Sindicato das Empresas de Transportes Passageiros do Estado de Minas Gerais (Sidpas) lamentou os transtornos que podem ter ocorrido em algumas linhas do transporte intermunicipal. Na nota, a entidade afirma que as concessionárias mineiras fazem grande esforço para "prestar serviço adequado", operando 2 mil linhas que percorrem milhares de quilômetros. 

"O estado de conservação das rodovias interfere na operação porque  provoca a quebra dos ônibus, aumenta o tempo das viagens e atrasos. Além disso, o sistema ainda sofre com os efeitos da pandemia de Covid-19. As viagens foram mantidas para garantir o deslocamento das pessoas e das próprias vacinas. Foram quase 2 anos de custos muito maiores do que a receita", argumenta o sindicato no texto. 

O sindicato também criticou o transporte clandestino, que, segundo o Sindpas, "atua livremente" apesar de proibido. "As concessionárias  seguem no esforço de retomar o padrão de qualidade e continuar  prestando um serviço seguro e confortável", concluiu.

Atualizada às 15h46

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!