Violência

Vídeo: PMs são filmados agredindo homem durante abordagem no Aglomerado da Serra

Homem de 34 anos teve quatro dentes quebrados, além de vários outros ferimentos; PM diz que irá investigar as alegações da defesa

Por José Vítor Camilo
Publicado em 01 de fevereiro de 2024 | 15:52
 
 
 
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Um homem de 34 anos denuncia ter sido espancado por três policiais militares, no último domingo (28 de janeiro), durante uma abordagem policial na vila Fazendinha, no Aglomerado da Serra, na região Centro-Sul de Belo Horizonte. A ação dos policiais foi filmada por moradores do local.

O homem abordado, que já foi preso por roubo ocorrido em 2013 e tinha que usar tornozeleira eletrônica, mas, por tê-la removido, tinha um mandado de prisão em aberto. No dia, ele teria tentado fugir da ordem de parada dos policiais militares.

No vídeo, é possível ver o homem já em pé e de costas para um policial, que o enforca. Em dado momento, os outros dois militares também passam a agredi-lo. Já caído no chão, ele é atingido por socos e cotoveladas, além de cassetadas desferidas pelos três policiais.

Assista:

De acordo com o advogado Samuel Ceraso, que, ao lado da colega Andreza de Souza, representa o homem agredido, conta que atendeu o cliente ainda na delegacia, registrando todas as lesões sofridas. Ele perdeu quatro dentes, teve o supercílio cortado e hematomas nas costelas.

"Segundo o depoimento dos policiais, as lesões na face foram causadas após o motociclista tentar evadir da abordagem, razão pela qual o policial supostamente desferiu um golpe de bastão no braço do condutor, que perdeu o controle e caiu, cortando supercílio no retrovisor da motocicleta. Só que, sem que os policiais soubessem, alguns moradores filmaram a abordagem, que possibilitou constatarmos a violência", argumenta o advogado.

Advogados contestam materiais apreendidos

Ceraso afirma ainda que na versão dos policiais, com o cliente dele foram apreendidas certa quantidade de drogas e uma arma que estaria "nas redondezas" do local da abordagem. Após a prisão, o homem agredido negou portar os materiais.

"Em razão disso, a defesa pediu ao delegado que fosse realizado exame papiloscópico, que é o método científico para identificação de impressões digitais nos produtos ilícitos encontrados", detalhou o advogado.

Diante das provas da abordagem violenta, apresentadas em audiência de custódia realizada na última terça-feira (30 de janeiro), a Justiça concedeu liberdade provisória ao homem agredido. 

"O judiciário entendeu pelo relaxamento da prisão por considerar que houve uma ilegalidade na abordagem, devido decorrente a violência policial. Entretanto, ele segue preso devido ao outro processo, que ele responde desde 2013. Mas já estamos trabalhando para conseguir a liberdade em definitivo", concluiu Ceraso.

PM diz que irá apurar alegações da defesa

Questionada pela reportagem de O TEMPO, a Polícia Militar (PM), informou, por nota, que "instaurará procedimento apuratório para averiguar as versões da defesa".

No texto, a corporação alega que, durante a operação policial do 22º Batalhão, os militares se depararam com indivíduo "realizando tráfico de entorpecentes", inclusive com a utilização de rádio comunicador.

"Quando o autor se viu na iminência de ser abordado e preso, evadiu com uma motocicleta, porém, se deslocou em direção a uma das equipes participantes da operação e, para evitar o atropelamento de alguns militares, os quais estavam desembarcados, um deles se desvencilhou da motocicleta em alta velocidade, e, para não se utilizar de arma de fogo, desferiu um golpe de bastão no braço do autor, fazendo com que ele perdesse a direção da motocicleta e caísse", alegou a PM.

Ainda na versão da PM, depois de cair da moto, o suspeito ainda teria tentado fugir e lutar contra a abordagem dos policiais, o que teria levado ao "uso diferenciado da força".

"Da ação do infrator e da reação policial necessária, restaram lesões leves para ambos, porém todos receberam atendimento hospitalar. Além da prisão do autor, foram apreendidos vários entorpecentes, uma arma de fogo e munições", completou.

Por fim, a PM reforçou o seu "compromisso com a segurança pública no combate incessante ao crime", além de prometer  "total lisura e transparência dos seus atos".

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