Ponte Torta

Vim no mesmo ônibus há 30 dias, diz jovem que perdeu primo em acidente na BR-381

Alagoana Daiane Santos, de 20 anos, está em BH há um mês e conta que veio em um ônibus da Localima; o primo dela, Marcos Lima, morreu no acidente em João Monlevade

Por Alex Bessas
Publicado em 05 de dezembro de 2020 | 12:06
 
 
 
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Desde que surgiram as primeiras notícias do do acidente de um ônibus, que caiu na sexta-feira da chamada Ponte Torta, no entroncamento das rodovias federais BR 381 e 262, em João Monlevade, região metropolitana de Belo Horizonte, na sexta-feira, por volta de 13h30, a alagoana Daiane Santos, 20, se desdobrou em esforços para prestar suporte aos familiares de vítimas. À noite, soube que um primo seu, Marcos Lima, estava entre as pessoas que não sobreviveram à tragédia.

“Desde ontem, quando aconteceu o acidente, meu celular travou de tantas pessoas enviando mensagens”, conta ela, que está em BH há um mês. Daiane chegou na capital mineira em uma viagem feita em ônibus da Localima Turismo, mesma empresa responsável pelo veículo que, de acordo com a principal linha de investigação das autoridades, teve um defeito mecânico, perdeu o freio e caiu de uma altura de aproximadamente 60 metros sobre trecho da estrada férrea Vitória/Minas, no Km 324.

Um total de 13 pessoas morreram no local e três conseguiram saltar do ônibus antes da queda e não sofreram lesões. No Hospital Santa Margarida foram encaminhadas 25 vítimas. Cinco delas, apesar dos esforços médicos, não sobreviveram. Outras três pessoas foram levadas em um helicóptero para o Hospital Pronto-Socorro João XXIII (HPS), em BH.

Consternada, Daiane comenta que sua família conhece os responsáveis pela Localima há anos. Apesar das informações de que o ônibus já havia sido autuado três vezes, em 2019, por transporte irregular de passageiros e que o veículo não tinha autorização da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) para realizar esse tipo de viagem, a alagoana sai em defesa dos responsáveis pela empresa. “São super responsáveis. Eu já andei com eles várias vezes e nunca aconteceu isso de perder o freio. Às vezes, o pneu secava, mas rapidinho a gente ajeitava”, garante.

“A gente fica abismado com essa notícias. Quando vi a notícia me assustei. Gente, 30 dias atrás eu vinha neste mesmo ônibus, como que acontece isso agora?”, questiona, sensivelmente perplexa.

Por volta de 10h30, ela se organizava, apoiada por familiares, para ir ao Instituto Médico Legal (IML) e realizar o reconhecimento do corpo de seu primo. “Estou confusa. Minha família está pedindo ajuda. Todo mundo se conhece. Minha mãe está preocupadíssima (por não saber se tem mais parentes e amigos envolvidos no acidente)”, expõe. 

Além de familiares, Daiane tem recebido, aos poucos, notícias sobre conhecidos que também faziam percurso entre Alagoas e São Paulo. “São cidades pequenas. A gente chega lá em Santa Cruz, em Mata Grande, e todo mundo abre as portas. Eu soube agora que os pais dela (de uma conhecida que estava no HPS) morreram. A Dona Celina e o Seu Luiz. É uma tristeza só. Eles vieram passear, ver a família. Isso é muito triste”, lamenta, entre lágrimas.

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